O caminho sem volta das BETs no Brasil tem mais um triste capítulo

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Foto: Agência Brasil

Há um tempo não muito distante, comentei aqui nestas paragens sobre o “caminho sem volta” que representava a entrada das Bets no Brasil, mais especificamente no campo de jogo!

Levavam as raposas ao galinheiro!

Em poucos anos de atuação, o sistema se estabeleceu para a eternidade.

Simplesmente, não existe mais  futebol por aqui mais sem patrocínio de Casa de Apostas.

A não ser o Palmeiras, todos, absolutamente todos, os outros 39 clubes das séries A e B são patrocinados pelas tais Bets.

Propagandas pipocam em todos os espaços e canais.

A reboque de tudo que envolve jogatina e dinheiro, muito dinheiro, vem a fraude, esquema, golpe!

De cara, um escândalo já escancarou, há alguns anos, dezenas de atletas envolvidos, mas via de regra de divisões inferiores, segunda, terceira, quarta, quase amador!

Agora ganha os holofotes a mais grave envolvendo um atleta de ponta, da prateleira mais alta do futebol brasileiro: Bruno Henrique, do Flamengo!

Daqueles raros jogadores locais com salários acima dos seis dígitos!

Boleiro de milhão, que se corrompe por apostas de alguns milhares de reais.

Suspeita, investigação e buscas contra amigos, familiares, imóveis e bens do próprio!

Caso similar com o ex-companheiro de Flamengo, Lucas Paquetá, este em posição de maior destaque no mundo da bola, jogador de Premier League e Seleção Brasileira.

A Federação Inglesa pede o banimento do atleta do West Ham por cartões suspeitos em quatro jogos, todos com alta incidência de apostas, exatamente, na localidade de origem do jogador, que ele, inclusive, carrega no nome.

Podia disfarçar melhor…

Pura coincidência, naturalmente, alegará a defesa!

Legítima postura legal, mas…

Fato é que, por indícios e situações iguais, vários outros jogadores de menos evidência e atuando por times menores pegaram gancho severo.

Kynan Isaac,  inclusive condenado anteriormente, pede 40 anos de punição a Lucas Paquetá, tomando como base, de maneira direta a dosimetria aplicada na sua própria pena!

A Paquetá ainda cabe ampla defesa, o que o deixa livre para jogar durante a conclusão do inquérito em julgamento…

Mas não deixa de ser, questionável, no mínimo, ter o atleta como jogador permanente, peça chave da seleção brasileira de futebol!

Mais que figurinha carimbada em qualquer convocação, Paquetá é titular absoluto do esquema de Dorival Júnior!

E não estamos tratando de uma peça, tecnicamente imprescindível, longe disso!

Paquetá personifica, talvez, o maior coro uníssono nacional de limitação sobre esta geração atual!

Não que o talento concedesse salvo conduto em caso contrário, mas teria algum apelo técnico…

Ah, também não se trata de condenação prévia!?

Mas, convenhamos, tampouco estamos falando de uma denúncia oca, vazia, oportunista!

É a Federação Inglesa pedindo banimento de um atleta do seu badalado campeonato!

Imagine a situação se o Brasil tivesse vencido a Copa América com Paquetá jogando?

Inevitável pairar uma mancha.

-Este Brasil ganhar alguma competição? Nem manipulando todas as Bets do universo! – galhofa o canarinho pistola!

Mas, se e, somente se, ocorresse?

Ou, mesmo além títulos, seria prudente, preservaria a imagem da seleção, do futebol brasileiro, não ter representando as cores e símbolos nacionais alguém com suspeitas tão sérias sobre si!

Mas, exigir da CBF “ficha limpa” é um pouco paradoxal…

Marcos Thomaz    

*Este espaço é opinativo. As ideias e conceitos neles contidos não representam o pensamento e linha editorial do site, mas refletem a opinião pessoal do autor

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