Mão de amigo entre Pernambuco e Bahia no Carnaval do arrebatamento

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O genial Matheus Buente já deu a visão: União “PEBA” a pleno vapor, estilo amizade refeita- mãozinha amiga e tal.

Fato é que nunca a rivalidade Pernambuco-Bahia ganhou contornos tão divertidos.

Coisa de treta madura, sabe? Abandona-se a cisma adolescente, febril e estabelece-se a zombaria criativa, incendiária, porém esportiva!

O carnaval deste ano exemplifica bem esta nova fase do acirramento de ânimos entre os dois estados nordestinos.

E veja bem, nem vou arvorar aqui o fato de que só conheci a rivalidade quando vim morar na Paraíba, lá no século passado.

Poderia jogar combustível na fogueira e dizer que, à época, era sim um sentimento unilateral, visto que apenas em território pernambucano, subindo e descendo ladeira olindense, tomei pé da tal situação.

Na Bahia, antes, jamais havia ouvido falar da questão. Não quero dizer que não houvesse, mas era em outra proporção.

Nos becos de Recife, ladeiras de Olinda a coisa ganhava amplificação e ar bélico cantado a plenos pulmões em meio ao carnaval com apupos em uníssono de “ei Salvador, vá mergulhar no barril”, se é que me entendem.

Mas, isso são tempos passados, com redes sociais, provocações mil daqui da parte de cima da Região pra lá, a coisa tomou forma e a troca de “gentilezas” virou constância.

E nada demais nisso, sabe?

 

Treta saudável, resenha, zuêra, é bom e “nois goxta”.

Eu mesmo, ultimamente, convivendo mais com pernambucano que baiano, ok, ok, talvez “metá, metá” como o baiano divide no meio a porcentagem, faço da rivalidade um tema de entretenimento coletivo.

Me divirto com a “briga de foice” por amenidades.

Mas, tem gente que vibra por maior linha reta do mundo, né? 

Larguei e corri.

Molequeiras à parte, tenho relação muito próxima a Pernambuco, por questão geográfica de décadas e convivência pessoal/cultural.

Antes mesmo deste fenômeno carnavalesco atual, que explicarei a seguir, já misturei frevo-axé e enxergo algo muito maior e elementos mais comuns do que cizâneas nesta nordestinidade.

-Mas, deixe de arrudeio e coloque logo o bloco na avenida. Qual foi a grande atração do carnaval deste ano no quesito evolução Pernambuco-Bahia??

Primeiramente, não misturemos festejos.

Quesito, evolução etc e coisa e tal é coisa de carnaval carioca, paulista e suas escolas de samba vistosas, em festa pra gringo ver.

Com todo respeito à tradição, pertencimento local e amor das comunidades a suas respectivas agremiações.

Mas, aqui estamos falando do Nordeste e suas peculiaridades mágicas.

De repente, não mais que de repente, a aparente disputa Pernambuco-Bahia pelo reinado dos festejos carnavalescos transcendeu a mera rivalidade bairrista e virou parceria em autopromoção.

Seja pelo que for, nas redes sociais, nos burburinhos, rodas e toda sorte de fofocas não se fala de outro assunto.

É simples, muito simples, ao polarizar o debate nestes dois eixos (Salvador-Recife/Olinda) ambas sedes da festa mais brasileira do universo, capitalizam juntas e exaltam as próprias características, ofuscando demais locais.

Talvez, a princípio, nem tenham captado a potência desta parceria às avessas, mas cutucar nordestino, provocar a força criativa e símbolo de identidade deste povo é revirar ancestralidade indomável…

Nordeste é meu país

E aqui não estou falando de nordestinidade, estilo CACTO da Juliete não. Esta gourmetização superficial de imagens e ideias.

É união raiz, repito com troca de farpas, xingamentos típicos, quase agressões verbais (no respeitinho- vale dizer), afinal, o que vale é a zuada!

Mas, agora, com um elemento a mais.

Despeitados, cariocas e até paulistas, vejam vocês, que entraram na folia de momo há uns 10 anos, querendo participar da treta.

Aí não. 

Como diz o Buente, que abriu este texto lá em riba, aqui é coisa de irmandade. 

Irmãos  vivem na porradaria, resmungo e praguejamento mútuo, mas não venha ninguém meter o bedelho não.

Se fechem pra lá, engulam e respeitem o Nordeste, o melhor e maior carnaval da Galáxia!

Marcos Thomaz
*Este espaço é opinativo. As ideias e conceitos neles contidos não representam o pensamento e linha editorial do site, mas refletem a opinião pessoal do autor

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