O efeito devastador das “revoluções” em uma tropa teleguiada

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Foto: Agência Brasil

Hoje eu não vou falar de política!

Quero falar de música!

Sabe aquele meme clássico “você também sempre cantou errado?”, ou “eu cantando em inglês”!

Vem acompanhado de uma versão apenas com sons rudimentares de alguém tentando entoar uma canção famosa  in english!

Mas, “Não se reprima, não se reprima, não se reprimaaaa”

Menudo, aí é Menudo. Porto Rico, Caribe, América Central.

Já vem o literal cortando o barato!

Tranquilizem os corações cantadores aleatórios de versões apócrifas!

Não se preocupem, nem eles mesmos entendem o que é dito na língua matriz!

Falo dos ingleses e demais colonizados pela língua anglo-saxônica!

Mais especificamente dos norte-americanos, o Frankestein, “a criatura que se tornou maior que o criador”!

Creiam, “a verdade que salva e liberta” é que nem eles entendem a maioria das músicas que cantam, cantaram, por décadas, a plenos pulmões!

Dia desses vi  uma entrevista do Tom Morelo confidenciando a estupefação que o acomete perceber o quanto boa parte dos fãs da sua banda pioneira, Rage Against The Machine, não acessam, ou, simplesmente, subvertem o sentido das músicas, valor literal das mensagens…

O guitarrista relatava ter sido abordado por um casal em um restaurante.

Entre louvações e elogios uma senhora o agradecia por ter apresentado posições de vida, ideológicas e políticas!

Orgulho e satisfação máximo a um artista?

Até o arremate, pelo menos.

“Sua arte, sua música me ensinou a não me render a qualquer imposição, como a vacina (SIC), por exemplo”

Resignado, quase indignado, lá foi Morelo explicar que a música é um libelo anti-capitalista, oposto daquela idéia que cooptava a distinta cidadã.

É o total esvaziamento de sentido das coisas, apropriação subvertida de conceitos.

Típico desta turma incendiária que confunde reflexão com opinião sem base, revolução ideológica com revolta sem causa definida!

Assombro que se repete com fãs de bandas como System of a Down, Pink Floyd e tantos…

Imagina o cidadão ouvir por anos a fio, em êxtase, o álbum Animals, ou faixas como Another Brick in The Wall e agora, de repentemente, ser um fervoroso defensor de Trump!?!!?

Ao olho humano, na plenitude das faculdades mentais, em situação normal de  temperatura e pressão, é inconcebível tal associação, comunhão de ideias, mas…

Esta é a NOVA ORDEM MUNDIAL, revertendo soluções históricas a radicalismos diretos como ataques a imigrantes, misoginia, corrupção seletiva, ódio, mentiras, mais mentiras e afins…

-Mas, você não disse que não falaria de política?

É que, diferente dos perdidos relatados acima, a música, a arte, as minhas referências permanecem no mesmo alvo.

No mais, a política está em tudo! Quer prova?

A que elementos Trump e sua narrativa foi recorrer para ampliar alcance, poder de persuasão, apelo, catarse?

De Rihana a Rolling Stones foram dezenas de artistas tendo sido utilizados indevidamente pela campanha Republicana, sem autorização, quiçá adesão.

O Foo Fighters foi além e, mais que negar uso, disse que utilizaria os royalties para a campanha de Kamala Harris.

Inócuo, o efeito devastador de subversão de sentido já estava difundido, incutido em uma horda de teleguiados.

Insatisfeitas, oprimidas, injustiçadas, vítimas de problemas diversos nesta, ou em qualquer era, sob o capitalismo, ou qualquer regime, as pessoas, simplesmente, querem mudar tudo, literalmente tacar fogo, até em si próprias.

Sem foco, alvo, repertório estabelecido são presas fáceis ao oportunismo e narrativas falsamente “cura-tudo”, a panaceia, elixir para todos os males.

Dão combustível mesmo a quem queira apenas incinerar a eles, elas e seus pares.

E assim Trump, a extrema direita raivosa, nociva, exclusivista, mergulhada nos próprios privilégios, persecutória venceu nos EUA e ganha mais força no resto do mundo!

O extremismo não voltou, simplesmente, porque ele nunca deixou de estar dentre nós.

Apenas abriram a tampa do bueiro!

Marcos Thomaz    

*Este espaço é opinativo. As ideias e conceitos neles contidos não representam o pensamento e linha editorial do site, mas refletem a opinião pessoal do autor

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