Nos últimos anos, os videogames têm sido alvo de inúmeros debates. Será que promovem a violência? Será que causam isolamento social? No entanto, uma nova pesquisa trouxe uma perspectiva positiva e inesperada: jogar pode ser benéfico para pessoas com esclerose múltipla (EM).
O Estudo Revolucionário
Uma recente publicação no Journal of Cognitive Enhancement revelou que adultos com EM que se envolvem em videogames apresentam um melhor desempenho cognitivo. Esta descoberta é particularmente relevante para os 42 adultos com EM que participaram do estudo, dos quais 34 eram mulheres, com uma média de idade de 45 anos.
Os participantes, que gerenciavam os seus sintomas com medicação há cerca de 12-13 anos, relataram jogar videogames em média cinco horas por semana. Este tempo de jogo variou entre zero e 40 horas semanais. Através de questionários sobre o histórico e preferências em matéria de jogos, bem como testes neuropsicológicos para avaliar a inteligência e funcionamento cognitivo atual, os investigadores conseguiram obter resultados fascinantes.
Videogames e Reserva Cognitiva
A pesquisa indica que os jogadores com EM apresentam uma melhor aprendizagem visuoespacial, memória de curto prazo e funcionamento executivo. Esses são domínios cruciais para a manutenção da qualidade de vida em pessoas com EM, uma doença crónica que afeta o sistema nervoso central.
Os investigadores sugerem que a melhoria no desempenho cognitivo está ligada ao conceito de reserva cognitiva. A reserva cognitiva refere-se à capacidade do cérebro de se adaptar e encontrar formas alternativas de funcionar para compensar danos. Atividades cognitivamente estimulantes, como jogar videogames, podem ajudar a construir esta reserva.
Benefícios Confirmados
Ao mesmo tempo, os resultados do estudo mostraram que os participantes que jogavam videogames durante mais horas tinham um melhor desempenho cognitivo global. Este benefício manteve-se mesmo após o ajuste de variáveis como a idade, tempo desde o diagnóstico de EM e níveis de inteligência anteriores à doença. Notavelmente, o tempo gasto a jogar videojogos revelou-se um preditor mais forte de capacidades cognitivas do que alguns fatores tradicionais de reserva cognitiva.
A princípio, estes descobrimentos convergem em estudos anteriores que demonstraram que jogar jogos como “Super Mario” durante vários meses está associado a um aumento do volume da massa cinzenta do cérebro e a alterações funcionais em várias regiões cerebrais.
Conclusões Promissoras
Os autores do estudo concluíram que “jogar videogames de forma consistente ao longo da vida adulta está associado a melhores resultados cognitivos em pessoas com esclerose múltipla, particularmente nos domínios da nova aprendizagem e do funcionamento executivo”. Esta pesquisa oferece uma nova esperança e uma abordagem inovadora para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com EM.
Reflexão Final
Em resumo, esta descoberta sublinha a importância de reconsiderar os estereótipos associados aos videojogos. Enquanto muitas vezes são vistos apenas como entretenimento ou uma distração, está se tornando claro que os videogames podem ter um papel terapêutico significativo. Contudo, para aqueles que vivem com esclerose múltipla, isto pode representar uma nova fronteira no tratamento e gestão da doença. Desse modo, transformando o que antes era uma simples diversão em uma ferramenta poderosa de reabilitação cognitiva.