Demorei, mas cheguei…
Me cobravam, resolvi acatar, mesmo com o risco de ser taxado de retardatário, vou resenhar um pouco sobre o 7 Festival de Música da PB:
Listas, rankings, votação, Festivais não existem, sobrevivem sem polêmicas…
Faz parte da natureza, está na gênese destes modelos!
Gosto, preferência é muito individual, no máximo existem critérios técnicos para estabelecer métrica objetiva a uma definição que ainda permanecerá subjetiva.
Fato é que até o debate acalorado, questionamento, quiçá indignação apimentam, temperam um ambiente desses.
E todos estes ingredientes estiveram presentes na final do 7 Festival de Música da PB.
Que noite, senhoras e senhores!
Uma estrutura digna dos astros da festa.
Músicas plurais e de altíssimo nível, à altura deste solo fértil paraibano.
Quase duas mil pessoas em um Teatro de Arena pulsante, colorido, enérgico, em simbiose platéia-público.
Portanto, arrisco a dizer tratar-se da noite mais bonita nestes sete anos de evento.
E diversa, como soi marca do evento.
Vários estilos, representações múltiplas, diversidade.
E, pra coroar o caráter democrático da “festa”: mais um campeão inédito.
Filosofino, figurinha carimbada no Festival de Música da PB, tantas vezes finalista, já subiu ao pódio em outra ocasião, quando também faturou o prêmio de melhor intérprete.
Agora foi elevado ao topo.
Estilo apoteose mesmo, com “seu facão e caneta na mão”, como um guerreiro Ogum, protegido por seu Exu, empunhando a resistência negra do seu e outros quilombos urbanos, ou rurais.
Ovacionado, mandando versos em alta rotação no seu “Quilombo Groove”, Filosofino incendiou o palco e platéia com seu som evocando rap, soul, funk, enfim, BLACK, apenas, tudo é Black, pura Black MUSIC “no talo”.
Nem os jurados resistiram a catarse coletiva e, em unanimidade, concederam ao multi-artista (poeta, rapper, tatuador, desenhista e tantos mais) o título de melhor intérprete…
De novo, mais uma vez, igualando assim Chico Limeira, (o precursor de tudo, quase patrono, campeão de honra deste e outros Festivais, aquele que rebatizou as ruas e becos da cidade a seu bel prazer- procurem saber), como maior vencedor de melhor interpretação.
Os Limeira, aliás, voltaram ao pódio após alguns anos.
É da dupla Regina Limeira e Sandra Belê o libelo “Negro Poder”, um ijexá à moda tradicional homenageando e evocando a potência ancestral africana.
Coube a Afrosonoro defender a canção com unhas, dentes e força vocal impressionante. Outra ovação.
O pódio foi finalizado com outro “novato”.
Titá que, apesar de estar entre os recordistas de finais do evento, não havia chegado a “glória”, simbolicamente falando.
E foi “levado ao altar” pela alma feminina.
“Dalva e Lívia”, um erótico protesto, uma ode ao amor lésbico foi a canção composta e defendida por ele com a tradicional grandeza de sua voz.
Fechando a premiação a bela e sutil “Enfim” de Wister, levou com registro recorde de votos a Votação Popular (feita pela internet.
A música com pinceladas que passeiam pela nova MPB de versos suaves e melodia de brisa, ainda teve o acompanhamento de Mayra Brito e seu imponente Violoncelo.
Ah, para fechar esta festança a noite teve “apenas” Cátia de França, aquela referência para tantos que se apresentavam ali.
Cátia, ao lado de Zé Marcolino, uma das homenageadas do 7 Festival de Música da PB.
O segundo postumamente, a primeira continua destilando seu talento e lançou disco novo recentemente…
Mas, você não quer que eu fale de Cátia de França em poucas e mal-traçadas linhas aqui, né?
Viva a música da Paraíba!
Em Tempo, o Festival de Música da Paraíba é realizado desde 2018, initerruptamente, com organização da Empresa Paraibana de Comunicação, Fundação Espaço Cultural da Paraíba e Secretaria de Comunicação Institucional do Estado da Paraíba.
Marcos Thomaz
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