Do mesmo jeito que essa coisa true, do “rockêro” radical, fechado em uma tribo de camisas pretas é algo demodê, ultrapassado, nada mais modista do que reduzir o gosto por música pesada a uma fase juvenil da pessoa.
“Ah, é jovem, quando crescer passa esta fase de “rock paulêra” (sic).
Conversa chata, de “novos adultos, pessoas velhas”.
Aquele persona, que tenta pagar de Cult “que antes escutava rock e agora ouve MPB…”
E estampa isso com uma soberba?!?!
Como se fosse algo diferentão aquele movimento.
Apenas mais um seguindo um fluxo modista, modelo padrão de evolução hype.
Eu, forjado no Rock`n Roll, sempre ouvi MPB, forró, brega, Luiz Caldas no fricote e otras cositas màs.
Tudo isso enquanto os rockêro, rockêro se fechavam em tribos de camisas Black, sem espaço para nada além.
-Soube que você estava no forró ontem a noite- tentava me censurar o true à época.
Não precisei desta evolução programada dos tais “novos adultos” para “tirar uma chinfra” na society.
Aquele recém universitário pagando de moderninho.
Sempre esteve tudo junto e misturado na minha playlist.
Sem traumas, nem conflitos.
A boa música quando bate você nunca sente dor…
E tem música boa em qualquer estilo, creia.
Apesar da maioria em muitos gêneros ser descartável, claro.
Fato é que esta coisa de ser um convicto old rocker foi reacendida por uma imagem dia desses.
Um retorno as origens…
“Arise”
O Sepultura está em turnê de despedida.
A banda brasileira mais conhecida mundo afora encerrará atividades após 40 anos de “destruição”.
“Chaos Ad”
Lotando estádios, ginásios e casas de show mundo afora.
Marcando “Territory” tal qual os cinco continentes, quase uma centena de países e beirando mil cidades que visitou ao longo da trajetória.
Entre os inúmeros recortes de imagens dos últimos shows, que pululam nas redes aqui e ali, um do baterista terminando apresentação com as mãos cortadas…
Não pela impressionante coincidência entre a imagem e a cena do personagem do belo filme Whiplash.
Inclusive ambos se parecem fisicamente, o Greyson Nekrutman do Sepultura e o Miles Teler da película.
Menos ainda foi por aquela imagem do “guerreiro, brutal do metal” etc e tal.
Mas, pela visceralidade.
“Quem ta no rock é pra se fudê”, como diz a lenda.
Veja bem, passo longe de ser o maior fã do trash metal, mas tenho uma relação bem especial com o Sepultura, especificamente.
Ouvi e ouço. Tom já teve sua fase, Ben teve como das primeiras bandas que gostava…
É “Roots, bloddy Roots”.
Que seja um romantismo da relação com a música de outrora, antes do streaming e sua fábrica de hits aleatórios.
Que seja o fim do Sepultura representando mais um símbolo enterrado (com perdão do trocadilho).
Que seja mais uma referência de um outro modo de relação com a música, além de superficialidades modistas e fórmulas prontas de sucesso.
Que seja mais uma resistência a singles aleatórios e falta de conceito, ausência de proposta maior em um disco, fase, carreira.
Que seja apenas memória afetiva.
Quem sabe a percepção que o tempo tem passado tão rápido, deveras acelerado tal qual um riff, atropelado tal qual uma virada, furioso como um grito gutural.
Marcos Thomaz
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