Eu já tive o sentimento comum de negação a origem portuguesa do país Brasil.
Reproduzia aquele raso pensamento comum sobre “o azar” de termos sido colonizados por Portugal e não pela Inglaterra, Holanda, por exemplo.
-Porque Nassau em Recife…
O palestrinha não perde a oportunidade de megalomania pernambucana!
Ora, o infortúnio está no simples fato de ter sido colonizado.
E se tivéssemos sido dominados por A ou B? É apenas uma hipótese bem hipotética, se é que me entendem.
Todos os países dominadores perpetraram todo tipo de massacre em, pelo menos 90% dos territórios conquistados.
Citar um ou outro exemplo isolado como modelo de sucesso é reducionismo.
-Ah, os EUA… Ah se fossemos dominados pela Inglaterra…
Dito tudo isto não disfarço meu ranço com Portugal.
Só não resvala mais em quase xenofobia de vingança, como outrora.
Mas, já dizia o Science: “o homem roubado nunca se engana”.
Tudo bem, ok, ok, legal após 5 séculos algum líder lusitano, finalmente, reconhecer publicamente crimes dos europeus em solo brasileiro.
Coube ao presidente Marcelo Rebelo a missão inédita.
Dentre os países colonizadores globais um dos últimos a fazer o reconhecimento.
Mas, ainda é pouco, muito pouco perto do estrago que deixaram por aqui.
Mais da metade dos escravos trazidos ao Brasil vieram por mãos portuguesas.
Massacre indígena.
Expropriação, roubo na mão grande das riquezas nativas e zero política de desenvolvimento nacional.
Um assalto secular.
Uma zona de degredo.
E de que vale na prática esta declaração?
Por enquanto, além do reconhecimento público, gesto político? Nada.
Eu quero saber é “cadê minha fração?”
Quando o “cacau” da reparação cair na conta a gente pode pensar em começar o processo de perdão, o pagamento dos pecados.
Mas, para não me acusarem de amargurado, fico com a dica do Professor Acácio, me lembrando da importância da Revolução dos Cravos na construção da nossa democracia do lado de cá do Atlântico.
Nesta quinta, 25 de abril, o movimento que derrubou a ditadura portuguesa completa 5 décadas e foi referência direta para a luta democrática e inspiração para a construção da nossa Constituição de 1988.
Olha só o paradoxo, aquele Portugal do Brasil Império sendo referência para a liberdade nacional!?!
Ah, como estou com o coração puro, cito Ariano Suassuna e reverencio a língua portuguesa como outra herança louvável.
Complexa e bela como só ela.
A minha outra parte do agradecimento quero em dinheiro, ó irmãos lusos.
Façam o PIX aí.
Marcos Thomaz
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