O que a Revolução Constitucionalista de 1932 é para o Brasil?

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Revolução Constitucionalista

A Revolução Constitucionalista de 1932, que completa 92 anos nesta terça-feira (9), é uma data magna no estado de São Paulo. Desse modo, marca o conflito armado entre forças paulistas e o governo de Getúlio Vargas. O militar gaúcho havia assumido a presidência após a Revolução de 1930, destituindo o presidente eleito Júlio Prestes. Desde 1997, o dia 9 de julho é um feriado estadual em São Paulo.

A ruptura da política do ‘café com leite’, que alternava o poder entre as elites de Minas Gerais e São Paulo, foi uma das causas do conflito. Indignados com a situação, setores da sociedade paulista organizaram grandes mobilizações populares contra o governo, que se estenderam para estados como Minas Gerais, Alagoas e Rio Grande do Sul. Em 1931, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) organizou uma manifestação no Rio de Janeiro, violentamente reprimida, aumentando a tensão.

O estopim da fase armada ocorreu em 23 de maio de 1932, durante uma manifestação na Praça da República em São Paulo, onde quatro estudantes foram mortos. Esses jovens se tornaram mártires do movimento, simbolizado pela sigla MMDC. A rebelião armada iniciou-se em 9 de julho, com voluntários se juntando ao exército paulista. No entanto, o exército federal, maior e melhor equipado, prevaleceu, e São Paulo acabou isolado.

As operações militares começaram em 12 de julho, com frentes de batalha nas divisas com Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e no litoral, envolvendo cerca de 50 mil homens. A batalha durou três meses, culminando na rendição dos paulistas em 2 de outubro. Em maio de 1933, ocorreram eleições para a Assembleia Constituinte e, em novembro, ocorreu a promulgação da nova Constituição brasileira por Vargas.

Causas da Revolução são complexas e polêmicas

O historiador Francisco Quartim de Moraes explica que as causas da Revolução Constitucionalista são complexas e polêmicas. Parte da oligarquia paulista, ligada ao Partido Republicano Paulista, buscava recuperar o poder quase hegemônico que exerceu durante a Primeira República. Outro grupo, o Partido Democrático, apoiava o movimento de 1930, mas se sentia excluído das decisões do Governo Provisório, agravando a crise durante a interventoria de João Alberto, nomeado por Vargas.

Embora alguns autores considerem a reconstitucionalização como um legado do movimento de 1932, Moraes argumenta que o processo já estava em curso antes do levante. Em resumo, A promulgação do Código Eleitoral em fevereiro de 1932 e a marcação da constituinte para 1933-1934 reduziram a força dos argumentos paulistas. O verdadeiro legado de 1932, segundo Moraes, é o fortalecimento da identidade paulista. Celebrada todo 9 de julho e simbolizada pelo Obelisco do Ibirapuera, erguido no quarto centenário da cidade em 1954.

Foto: Câmara Municipal de Piracicaba

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