Cultura da barbárie! A inércia diante da violência nos estádios

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Portões fechados.

Essa é a primeira e, provavelmente, a “grande” medida punitiva tomada contra a barbárie promovida pela torcida do Sport contra a delegação do Fortaleza.

Mais uma aula de eficácia (aqui contém ironia, obviamente) dos que fiscalizam e aplicam sanções no futebol brasileiro.

Portões fechados, torcida única, fim de bandeirões, extinção de organizadas…

Mais de vinte anos deste paliativo, verdadeira gambiarra à brasileira para fingir ação.

Um movimento cheio de estardalhaço, radicalismo para “jogar para a galera” e nada mudar em resultado efetivo!

Antes de qualquer estigmatização, nem precisa-se dizer que os torcedores pernambucanos não tem a exclusividade da violência no esporte da preferência nacional.

Longe disso, a selvageria está por toda a parte.

A violência no futebol é reflexo da sociedade

Talvez, agora o senso comum tenha se chocado mais por tratar-se de um ataque a uma delegação, jogadores de futebol, celebridades e, antes de tudo isso, profissionais no exercício da função.

Covarde, criminoso.

Atletas acuados, desesperados, por segundos, minutos de terror, horror…

Apenas por vestirem, representarem outras cores.

Mas, precisou-se chegar ao perigo real e iminente aos astros da festa para tomarmos noção do descalabro racional que se vive o futebol brasileiro?

Aliás, anos atrás a torcida do Bahia já havia promovido ataques ao próprio ônibus do time, ferindo gravemente atletas, deixando um goleiro quase cego!

Semanalmente, revoltadinhos em manada invadem Centros de Treinamento, sedes, entrevistas coletivas para exigir que os seus “escravos” da bola consigam o resultado que eles querem!

Vale também intimidar, coagir em restaurantes, bares, casas noturnas etc em horários de folga.

Tem até disque para denunciar os que ousam sair deste manual de conduta das TOs brasileiras!

Em caso mais grave de indignação está previsto lá, na cartilha das “gangues” ameaças explícitas a família dos atletas (mãe, mulher, filhos o que for).

Basta ser rival para virar inimigo?

Mas, antes, bem antes de tudo isso, cada jogo de bola já era uma guerra nestas plagas.

O lema é: “Basta ser meu rival para virar meu inimigo”.

Quem lembra da final da Copa São Paulo de Futebol Jr, quando uma batalha campal resultou em morte a pauladas de um torcedor e determinou toda a restrição em campos paulistas, que perduram até hoje!

Ainda assim, quantos torcedores morreram a quilômetros de distância dos estádios, desde então, no território de São Paulo?

As cores adversárias são alvos mortais nos campos brasileiros, mas a inércia dos setores e órgãos, públicos e privados alimentam este fluxo letal.

E aqui não se busca apenas demonizar as organizadas, mas atribuir a parte enorme dela nesta “rinha”.

Que mudem a cultura, modus operandi, valores e perfil de membros.

Que se reinventem conceitualmente, porque festa sabem fazer.

Fato é que as torcidas se confrontam, matam, esfolam e continuarão a fazer enquanto as medidas forem inócuas e absurdas como, atualmente.

Apenas retiraram as batalhas selvagens entre sílvicolas do centro do evento e transferiram para as ruas, becos e estradas periféricas.

Fingindo dar segurança enquanto está nos holofotes, gerando um falso resultado resolutivo, efetivo de contenção de violência apenas para as câmeras.

Sensação de insegurança

No entorno e dia a dia, a sensação de belicismo entre as partes e descontrole do sistema só se acentua.

E o pior, além do caráter de ineficácia na segurança, estão demolindo a base do futebol: a rivalidade, a festa de cores, luzes, provocações- um dos símbolos máximos culturais nacionais..

Tudo isso pra quê? Pra manter tudo como está e fingir solucionar.

E aqui cito todos…

Ministério Público, com seus promotores estaduais imersos na vaidade de holofotes e espetáculos midiáticos propondo veto a tudo.

Polícias, que via de regra, assumem a incapacidade de cuidar de grandes eventos. São os primeiros a dixer não garantir estrutura, opu capacidade organizativa para evitar confrontos.

Imprensa, que se rende e muitas vezes adota a narrativa reducionista, apenas criminalizando e apostando em solução radical mágica.

Dirigentes, tal qual o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, que logo após o atentado recente saiu com a inovadora proposta de… TORCIDA ÚNICA. Um gênio visionário.

Justiça, que não pune os vândalos, infratores, assassinos travestidos de torcedores.

O futebol brasileiro capenga no campo, nas arquibancadas e nos tapetões tão conhecidos no mundo da bola tupiniquim!

Foto: Reprodução / @sportrecife / X

Marcos Thomaz

*Este espaço é opinativo. As ideias e conceitos neles contidos não representam o pensamento e linha editorial do site, mas refletem a opinião pessoal do autor

 

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