O silêncio diante do vandalismo à Iemanjá em João Pessoa

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Que a barreira do Cabo Branco está caindo até da África se vê, a olho nu!

Dizem as más línguas daqui e de lá do Atlântico, que até o posto de Ponto mais Oriental das Américas está ameaçado na bela João Pessoa.

Como ficaria a capital paraibana sem seu principal slogan? Sim, porque aquele de segunda cidade mais verde do mundo nunca passou de um devaneio que pegou. Se colar, colou…

Exageros a parte, João Pessoa permanecerá tendo a menor distância para a Mãe África, dentre todo e qualquer naco de terra do lado de cá do mundo, claro, apesar de todo o
esforço em contrário das gestões da capital paraibana.

Digo, todas, todas elas no problema em questão.

Mas, eu queria mesmo era falar de outra coisa.

De outro absurdo.

De outro descaso público, social, geral.

Bem ali, a poucos metros do Ponto mais Oriental das Américas, fica a Praça de Iemanjá.

Na mesma, uma imagem da entidade de religião de matriz africana.

Um monumento há quase uma década com a cabeça decepada.

Dez anos de profanação

Um orixá profanado há quase dez anos e nenhuma solução dada pelo poder público.

Imagina uma Santa, um “Cristo” mutilado em praça pública, seja aqui, sob o olhar turístico da capital, ou em Itaporanga, Guarabira por tanto tempo?!?!

Pensem nesta hipótese!

Aliás, nem precisa gastar neurônio exercitando a imaginação.

Há precedentes.

Quando a imagem de Nossa Senhora da Penha, padroeira da cidade, foi furtada, uma comoção natural se abateu sobre o pessoense.

Exércitos populares, força-tarefa militar, helicópteros, caças e submarinos na caçada a Santinha.

A imagem sacra logo apareceu, horas depois, intacta, GRAÇAS!

O que tem a ver estas duas coisas fora a ilustração do vandalismo do brasileiro?

Apenas em João Pessoa, a quantidade de monumentos, estátuas etc dilapidadas não dá para contabilizar.

Não pouparam nem Jackson do Pandeiro

Ao mesmo tempo, nem o “Deus do ritmo” Jackson do Pandeiro foi poupado, quem dirá outros deuses de outras esferas…

Também não quero entrar no mérito da possibilidade da profanação a imagem de Iemanjá ter sido motivada por intolerância religiosa.

Mas, dá para descartar? Óbvio que não.

O que está claro é a negligência, omissão, desprezo mesmo, do já citado poder público municipal, da sociedade civil e até da imprensa com Iemanjá e tudo o mais que significa qualquer símbolo afro!

Repito, quase dez anos com esta blasfêmia pública contra a imagem de uma “Deusa africana” e quem se mobilizou, questionou, reivindicou a resolução?

Quantas passeatas, atos, jejum e oração, protesto, matérias denunciando a total omissão?

Uma aqui e acolá, dentre as quais a promessa da Prefeitura Municipal de João Pessoa, no ano passado, de reforma da Praça.

Mas, a estátua permanece lá, depredada, degolada.

Um ultraje público a um dos mais caros símbolos da cultura afro no Brasil!

No próximo dia dois de fevereiro as jangadas vão sair pro mar, mas Iemanjá permanecerá simbolizada lá, no Cabo Branco, profanada!

Fotos: A União

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