Tô preocupado comigo mesmo.
Já declarei “amor de verão” ao Fluminense e, quase,ineditamente, cravei o título da Libertadores, lá no começo deste ano da graça de 23.
Meu amigo Beto, torcedor de 4 costados do maistradicional tricolor do Brasil, não me deixa mentir.
Pois bem, neste final de ano futebolístico, me devotei ao Grêmio Porto Alegrense.
Outro selecionado de 3 cores, esta mistura exagerada, via de regra de mau gosto, que, historicamente, me causa ânsia.
Mas, alto lá, levianos de plantão!
O que importa é que o tricolor que rivalizo caminha a passos largos para o abismo…
Sim, ao que tudo indica, vai ter elevador na Boa Terra(“uh, uh Elevador, uh, uh elevador! Sobe o rubro-negro, desce o tricolor!”)- o meu Vitória subindo em grande estilo e campeão e o Bahia descendo mais uma vez.
O “Gremismo” momentâneo tem explicações bem óbvias, além do fenomenal Suarez, o privilégio de ter um jogador deste nível, tamanho talento em gramados brasileiros.
Mas, era também, dentre os postulantes um clube que não pertence ao eixo do mal do futebol brasileiro (aquela faixa de terra entre os dois estados mais ricos do país, RJ-SP, que não por acaso concentra a grana da bola, torcidas e títulos brasileiros).
Nem estou aqui fazendo discurso impeditivo, ou purista.
Sou do interior baiano, nordestino, portanto sei bem como há elementos históricos para fazer irmãos, conterrâneos torcedores de times destas paragens tão hostis a nós na bola e, outras facetas da vida.
Há variáveis, até além do imperialismo cultural, afinal futebol tem magias extra-campo…
Mas, como escapei desta “tendência” da maioria e “Deus me Livre não ser Vitória”, posso exercitar, livremente, minha corneta, zica, mandinga e o que mais der contra os senhores da bola no Brasil.
Gosto de torcer pelos desfavorecidos…
Aí o incauto logo grita:
-Mas dentre os que estão a frente da tabela, seria melhor e o Bragantino? Não é um ainda mais desvalido?
Ô inocente, até seria fosse o antigo Braga que chocou o Brasil na década de 90 destronando gigantes, “revelando” Luxemburgo, Mauro Silva e tantos outros…
Mas esse aí é o Red Bull Bragantino, ostenta em primeiro plano aquela marca que “te dá asas” e, simplesmente é a maior franquia de futebol do mundo, ou a segunda…
Mudou escudo, cores e transformou o tradicional time “Massa Bruta” em uma filial padronizada, descaracterizada.
Fosse pra isso eu preferiria até um tradicional qualquer vencer…
Dito isto, está difícil pro Grêmio que, após uma apotetótica virada comandada pelo uruguaio contra o Botafogo, tropeçou em casa contra o ameaçado Corinthians e viu ali o sonho se esvair…
Mas, mesmo sem esta consagração nacional, curta e intensa foi o encantamento, a magia vivia nos dias deSuarez nos pampas.
Um privilégio a todo brasileiro que ama futebol ver um atleta das primeiras prateleiras da história desfilando talento refinado por aqui e brigando por cada bola como se estivesse nos tempos áureos de Barcelona.
Ao tricolor gaúcho tenho certeza que o uruguaio já é ídolo eterno, mesmo sem um título de expressão.
No último domingo ele fez a despedida “em casa” para 50 mil gremistas com direito a máscaras personalizadas e dentuças.
Amanhã, quarta-feira, Suárez fará a despedida definitiva do futebol brasileiro contra o Fluminense, no Maracanã.
Baseado no genial Eduardo Galeano, conterrâneo dele, “o gol é o orgasmos do futebol”.
E Suárez, neste campo, se deleitou.