O Vaticano divulgou nesta quarta-feira (8), um documento que responde a perguntas de um bispo brasileiro sobre as pessoas LGBT e sua participação nos sacramentos do batismo e do matrimônio. O documento, assinado pelo chefe do escritório doutrinário da Igreja, o cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, e aprovado pelo papa Francisco, afirma que as pessoas transgênero podem ser padrinhos em batismos católicos romanos, testemunhas em casamentos religiosos e receber o batismo.
O documento é em italiano e está no site do escritório doutrinário, conhecido como Dicastério para a Doutrina da Fé, responde a seis perguntas enviadas pelo bispo José Negri, de Santo Amaro, no Brasil, em julho deste ano. As perguntas e respostas ocupam três páginas e tratam dos direitos da gestante e da parturiente.
O documento é vago, no entanto, em relação à questão de saber se um casal do mesmo sexo poderia ter um batismo na Igreja para uma criança adotada ou obtida por meio de barriga de aluguel. O documento diz que a decisão cabe ao padre local, que deve exercer “prudência pastoral” e levar em conta o “bem da criança”.
“Prudência pastoral”
O documento explica que as pessoas transgênero podem ser padrinhos em um batismo. Tudo depende do critério do padre local. Da mesma forma para serem testemunhas em um casamento na Igreja. Contudo, o padre deve exercer “prudência pastoral” em sua decisão. Uma pessoa em uma relação gay também pode ser testemunha num casamento católico, diz o documento, citando a atual legislação canônica da Igreja que não contém nenhuma proibição contra isso.
Uma pessoa em uma relação gay também pode ser padrinho em um batismo na Igreja, desde que “leve uma vida de acordo com a fé”, diz o documento. O documento não esclarece, no entanto, o que significa “levar uma vida de acordo com a fé”.
O documento representa um passo importante para a Igreja se tornar mais acolhedora à comunidade LGBT. Tudo isso sem alterar os seus ensinamentos. Um desses ensinamentos diz que a atração pelo mesmo sexo não é pecaminosa, mas que os atos entre pessoas do mesmo sexo são.
Igreja rumo à inclusão
O Papa Francisco está em busca de tornar a Igreja mais inclusiva e misericordiosa com as pessoas LGBT. Em julho, ele se encontrou com pessoas transgênero e disse a uma delas: “Mesmo que sejamos pecadores, Ele (Deus) se aproxima para nos ajudar. O Senhor nos ama como somos”.
O padre James Martin, jesuíta e defensor dos direitos LGBT na Igreja, elogiou o documento nas redes sociais. Ele disse que o documento é um reconhecimento das pessoas transgênero como católicas e como pessoas. “Este é um importante passo para a Igreja ver as pessoas transgênero não apenas como pessoas (numa Igreja onde alguns dizem que elas não existem realmente), mas como católicas”, disse ele na rede social X .