Por que a Starbucks não deu certo no Brasil?

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A rede de cafeterias Starbucks anunciou nesta semana o fechamento de centenas de lojas no Brasil, a demissão de milhares de funcionários e uma dívida de quase 2 bilhões de reais. O que levou a gigante norte-americana a enfrentar uma crise tão grave no país que é o maior produtor de café do mundo?

A explicação não é simples, mas envolve fatores culturais, econômicos e mercadológicos que mostram que o modelo de negócio da Starbucks não se adaptou à realidade brasileira.

Café é tradição no Brasil

O Brasil tem uma tradição secular de consumo de café, com uma preferência por grãos de qualidade, torra escura e sabor forte. O café é uma bebida popular, acessível e presente em todos os momentos do dia, desde o café da manhã até o lanche da tarde.

O Starbucks, por outro lado, surgiu nos Estados Unidos como uma proposta inovadora de oferecer cafés especiais, com diferentes origens, aromas e sabores, além de bebidas à base de café com leite, chantilly, xaropes e outros ingredientes. O café é uma experiência, um estilo de vida, um símbolo de status.

O preço também é um fator determinante. Enquanto no Brasil é possível tomar um café expresso por menos de 5 reais, no Starbucks o mesmo café custa cerca de 10 reais. E se o cliente quiser um Moca Premium, por exemplo, terá que desembolsar mais de 20 reais.

Essa diferença de valor não se justifica apenas pela qualidade do produto, mas também pelo custo operacional da rede, que inclui aluguel de espaços amplos, decoração sofisticada, equipamentos modernos, treinamento de funcionários e marketing.

Mais do que um café

Um dos pontos fortes do Starbucks no Brasil foi a criação de ambientes propícios para o trabalho remoto, o estudo ou o lazer. Muitas pessoas frequentavam as lojas com seus notebooks, tablets ou celulares, aproveitando o wi-fi gratuito e o conforto das poltronas.

No entanto, esse cenário também mudou nos últimos anos, com o aumento do home office, a crise econômica, a concorrência de outras redes de cafeterias e a mudança de hábitos dos consumidores.

Assim, o que parecia ser um caso isolado de insucesso empresarial é na verdade o reflexo de uma transformação cultural.

Foto: Divulgação

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