A notícia do assassinato da própria família por um menor no Rio de Janeiro, inescapavelmente, me transportou a outra tragédia aqui na Paraíba.
Na ocasião, um outro menor tirou a vida da mãe, do irmão e deixou o pai paraplégico.
Em ambas, uma arma guardada em casa pelos pais dos algozes íntimos foi o “gatilho” para as tragédias.
Sempre uma arma!
Mas, o que transforma em algo macabramente recorrente , o que espelha crimes tão bárbaros, exatamente no núcleo familiar?
Não sou psicólogo, nem tenho pretensão de criar teoria precipitada, pautada em achismo e sensações.
Mas, os relatos policiais, feitos por delegados e outros agentes envolvidos na coleta de depoimento dos menores, apontam em ambos uma frieza de conduta, ausência de remorso, que, ao menos no caso do menor carioca, foi classificado pelo próprio agente de segurança como claro indício de sociopatia.
Ainda nos dois episódios os menores reagiram brutal e fatalmente contra os pais motivados por uma negativa de desejo deles.
Na Paraíba, à época foi amplamente noticiado que o menor resolveu exterminar a própria família indignado por ter sido proibido, ou melhor, ter controlado o acesso ao uso de aparelho celular.
Era 2022, em Patos, no sertão paraibano.
O pai, único sobrevivente com uma paraplegia como seqüela, pediu a guarda do filho e, ao que consta, vivem juntos hoje em uma pequena cidade sertaneja.
A TRAGÉDIA SE REPETE
O crime de agora ocorreu em Itaperuna, no Rio de Janeiro, com ainda mais requintes de frieza.
O adolescente de 14 anos matou os pais e o irmão menor e escondeu os corpos na cisterna, enquanto procurava a polícia e contava uma versão fictícia sobre desaparecimento repentino dos pais.
Foi desmascarado durante perícia e diligências a residência da família, quando policiais encontraram manchas de sangue e os corpos.
O motivo da chacina familiar ainda está em investigação, mas suspeita-se que o menor foi proibido de viajar interestadualmente para encontrar uma outra adolescente que se relacionava pela internet.
Em ambos os casos havia uma arma em casa, usada para os pais para hipotética proteção da casa, da família…
Em ambos os casos, adolescentes contrariados em suas vontades.
Um pedido negado, um NÃO rebatido, respondido, resolvido com a eliminação simples.
A banalização da vida em todas as suas facetas tenebrosas.
Marcos Thomaz
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