O “cheiro de sangue” que teima em exalar nas eleições da Paraíba

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sangue escorrendo
sangue escorrendo. Foto: Freepik

A trilha acelerada criava o clima de suspense típico de uma perseguição policial.

Tambores rufando, agitação sonora e volume muito acima do recomendado em decibéis pela Sociedade de Onitorrin…, Onomatop…– Otorrinolaringologia.

Ufa…

Alguém precisa reeducar estes Djs das mesas de operação do jornalismo pós moderno, após o fim do mundo, que o famoso BG serve apenas para criar uma simples “cama sonora”, pano de fundo aos fatos.

Alheio às minhas admoestações (receba um admoestação na “caixa dos peitos”) o apresentador irrompe em voz trêmula, dando sinal de alerta:

ATENÇÃO

Tal qual um locutor de rodeio, repete em tom ainda mais elevado e maior clima de tensão.

A-TEN-ÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Algo importante, ameaçador se avizinha…

Não estou na arena, não sou gado, nem metaforicamente!

Mas, por via das dúvidas, ao volante, confiro se o cinto de segurança está engatado.

Quase aciono o air bag em test drive.

Era um tradicional programa radiofônico da capital Parahyba.

E não, não anunciava mais uma MORTE BRUTAL, uma briga de vizinhos, ou estas tragédias cotidianas que viram produto enlatado ao molho de sangue na mídia tupiniquim!

“Cheiro de sangue, cheiro de sangue, cheiro de sangueCom vinagre cozinhando na panela”

Me vêem a mente os versos certeiros de Seu Pereira, um alívio momentâneo àquele pandemônio radiofônico.

Logo a realidade me traz de volta a baderna sonora.

Um outro colega, na bancada de terror lá, traz o objeto do drama policial:

-De um lado Bruno Cunha Lima

-No outro Johnny Bezerra.

Usando os concorrentes ao segundo turno das eleições, em Campina Grande, tentava simular uma apresentação de oponentes em um ringue, pré combate.

Uns protótipos toscos de Bruce Bufer.

Tudo isto embalado por nova e ainda mais frenética trilha policial.

Uma poluição sonora de fazer emudecer os alto-falantes dos postes de Mangabeira!

Pagando de ingênuo, aguardo qual será o polemismo forjado da vez…

Nada, absolutamente nada de novo, apenas a necessidade da espetacularização, fazer o circo midiático, estardalhaço e análises rasas sobre tudo.

-Este segundo turno será aSSALAVAdor (SIC).

Imagino tratar-se de uma troca silábica açodada do profissional, algo normal se tratando de alguém a pronunciar, sei lá quantas mil palavras em duas horas de apresentação…

Mas, lá vem novo nocaute gramatical

-Vai ser de aSSALAVAr (SIC) esta disputa em Campina.

É apenas mais um estertor do jornalismo zumbi, anunciando a morte da política!

Nesta terra de mortos-vivos…

Marcos Thomaz    

*Este espaço é opinativo. As ideias e conceitos neles contidos não representam o pensamento e linha editorial do site, mas refletem a opinião pessoal do autor

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