Quem nasceu na década de 70, ou 80 (como eu) inescapavelmente, foi mergulhado no universo W/Brasil!
Quando criança, cantava a plenos pulmões o refrão Benjoriano, “Alô, alô, W/Brasil!” sem sequer fazer ide1ia daquela referência do mestre!
Podia ser apenas algum codinome dos extraterrenos que sempre permearam a mente de Benjor, sei lá, aquele esoterismo comum dele.
E era de fato de um alquimista que ele falava, mas de carne e osso.
O mago da publicidade, Washinton Oliveto e sua agência, eram os homenageados em um dos maiores sucessos da música brasileira dos anos 90.
Jorge Ben dedicou versos de outra música também ao publicitário: em “Engenho de Dentro” ele cita que “a cabeça do Olivetto… muito QI e TNT do lado esquerdo”.
Pode parecer apenas excêntrico e é, como outros momentos de Jorge Ben, mas tem todo um significado!
Além da amizade entre ambos, Olivetto foi um propagador da retomada de Ben Jor e tantos outros novatos e veteranos nos anos 90.
Ben Jor embalou muita confraternização da W/Brasil, tocando por horas a fio, madrugada a dentro.
Foi nestas festas de firma que nasceu o “Alô, alô W/Brasil” e, reza a lenda de provocações de um com o outro sobre sucesso, que o samba-rock voltou às paradas.
Partiu de Washinton também a idéia/conceito de versões geradas para servirem de trilha de comerciais, que se tornaram clássicos nacionais!
“Vamos fugir” do Skank para o clássico de Gilberto Gil. “Descobridor dos sete mares” do síndico Tim Maia rearranjada por Lulu Santos e tantas, tantas outras.
Todas estiveram no W/hits, produto que virou até CD estourado comercialmente, na década de 90.
MUITO ALÉM DOS COMERCIAIS
O W é o homem por trás de jargões que saíram dos anúncios para se incorporar ao dialeto das ruas, cotidiano nacional:
“Não é assim uma Brastemp”.
“Brasil, mil e uma utilidades”
E tantas mais…
Tão genial, que embalava até ideologia em rótulo comercial para viralizar país afora e adentro, mesmo antes de existir o termo ou mecanismo viral da era digital.
Foi do corintiano fanático, Washinton Olivetto, o batismo do maior movimento futebolístico nacional: a Democracia Corinthiana (assim mesmo com H).
Na mesma seara, a política, saiu da mente dele o que, para muitos, é o maior comercial brasileiro de todos os tempos.
Há quase 4 décadas, no Brasil recém redemocratizado, Olivetto vendia jornal alertando profeticamente para um mal que nos aflige, mais que nunca, hoje: a desinformação.
Uma voz quase celestial anunciava virtudes, enumerava feitos de alguém em um fundo com uma imagem distorcida em pontilhados preto e branco, que no andamento formavam a figura de Hitler.
No final a assinatura do gênio:
“É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade”
A história é cíclica e andamos em curvas, mas não se encontra talentos desta magnitude em toda esquina, ou qualquer geração!
Marcos Thomaz
*Este espaço é opinativo. As ideias e conceitos neles contidos não representam o pensamento e linha editorial do site, mas refletem a opinião pessoal do autor
Dedico este texto a publicitária da minha vida, Roberta Faria!!