Horário de Verão tem impacto na saúde das pessoas, alerta especialista

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Horário de verão. Foto: Freepik

O governo federal está avaliando o retorno do horário de verão. A medida altera o relógio oficial em uma hora. Dessa forma, obriga os moradores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste a acordarem mais cedo. A decisão sobre a volta do horário de verão deve ser tomada ainda nesta semana. Enquanto o debate sobre a economia de energia volta à tona, especialistas levantam preocupações sobre os efeitos dessa mudança no sono e na saúde das pessoas.

Para entender os impactos dessa alteração, conversamos com a doutora Isabel Braga, especialista em medicina do trabalho e pesquisadora com foco no sono. Segundo ela, embora o horário de verão tenha caído em desuso nos últimos anos, há outras questões mais relevantes no contexto atual, como o uso excessivo de luz artificial proveniente das telas, que afeta de maneira significativa o ciclo do sono.

Os Efeitos do Horário de Verão no Sono

“O horário de verão afeta o relógio biológico das pessoas, uma vez que desloca a nossa exposição à luz solar. Isso retarda a secreção de melatonina, o hormônio responsável por regular o sono”, explica a doutora Isabel. A melatonina, além de influenciar a sensação de sono, também afeta uma série de processos biológicos e genes no corpo. Essa mudança na produção de melatonina pode ter efeitos significativos na qualidade do sono, principalmente nos primeiros dias após o ajuste dos relógios.

Estudos clínicos mencionados pela doutora Isabel indicam que o início do horário de verão está associado a um aumento de casos de infarto. “Observamos um pico nesses eventos durante as primeiras semanas de adaptação ao novo horário, especialmente em indivíduos que já possuem condições pré-existentes de saúde”, destaca a especialista.

Impactos da Luz Artificial e das Telas

No entanto, a doutora Isabel salienta que os desafios relacionados ao sono nos últimos tempos estão mais ligados à luz artificial das telas de dispositivos eletrônicos, como smartphones e computadores, do que propriamente ao horário de verão. A chamada “luz azul” emitida por esses aparelhos interfere na produção de melatonina e agrava os distúrbios do sono.

“Hoje, vemos que o uso prolongado de telas à noite tem um impacto muito maior no sono das pessoas. A luz azul retarda ainda mais a produção de melatonina, prejudicando não apenas o horário em que sentimos sono, mas também a qualidade desse sono”, explica a doutora. “O horário de verão, por si só, já traz dificuldades para a adaptação do nosso relógio biológico, mas a exposição prolongada às telas agrava esse cenário.”

Custo de Energia e Qualidade de Vida

O retorno do horário de verão também reacende a discussão sobre o consumo de energia elétrica. Tradicionalmente, o horário de verão era implementado com o objetivo de aproveitar melhor a luz natural e reduzir o uso de eletricidade no período da noite. No entanto, estudos recentes questionam a eficácia dessa medida em um cenário onde o consumo de energia está cada vez mais voltado para o uso de aparelhos eletrônicos e sistemas de refrigeração.

Para a doutora Isabel, o custo da luz pode ser apenas uma parte da discussão. “Não estamos mais falando apenas de economia de energia, mas sim dos impactos na saúde e na qualidade de vida. Precisamos levar em consideração como essas mudanças afetam o bem-estar das pessoas a longo prazo”, conclui.

O governo deve levar todos esses fatores em consideração antes de tomar uma decisão final sobre o retorno do horário de verão. Enquanto isso, especialistas em saúde recomendam que, independentemente da adoção da medida, as pessoas busquem limitar o uso de telas à noite e criar hábitos que ajudem a melhorar a qualidade do sono.

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