“É o Brasil no Mundial de Clubes”
“Sou brasileiro e não desisto nunca”
Nem no futebol eu gosto destes ufanismos…
-Ah, mas você não vai torcer para o Bahia? É time do seu estado!?!?!
Veja bem, cidadão. Quem torce para o Estado é o governador!
Às vezes…
Eu sou Vitória.
E “Bahia é Bahia, Vitória é Vitória”, já dizia o filósofo taxista Reginaldo, no clássico das telinhas pelourianas “Ópaió”!
Misture as coisas não.
Mas, neste ano da graça de 2025, meu espírito nacional aflorou na peleja disputada nos EUA!
-Olha o patriota – grita o aloprado em verde e amarelo, com a faixa “Brasil acima de tudo”.
Já disse para não misturar as coisas.
Eu não me junto a esta gentalha!
Fato é que no FIFÃO que está rolando lá nos USA, torci, quase fervorosamente (eu disse quase, tenho um nome a zelar) para todos os brazucas.
A idade nos torna menos radicais e a admiração pelo futebol permite encantamentos fortuitos.
Do Belo do Rio até a time de três cores, o que é uma heresia!
Mas, sabe como é, simpatia momentânea, é igual amor de quenga (acompanhante para ser mais politicamente correto, perdão), não vale nada.
Enquanto até queria o Flamengo avançando naquele tal espírito brasileiro que irrompeu em mim (lá ele), indisfarçavelmente, me deleitava com a queda da soberba do time mais rico, mais badalado, mais isso e aquilo do país.
Flamenguista é megalomaníaco por natureza.
Eliminados e queriam se arvorar como quem melhor competiu, o tal troféu “jogou de igual pra igual”.
Gooooolllll da Alemanha!
A cada nova esperança um fuzilamento do Bayern.
-Mas, se não fossem os erros…
Ora, caras pálidas, mas é exatamente aí que reside a brutal diferença atual entre o esporte praticado nos continentes: a letalidade, precisão, margem de erro mínima.
Isso também é futebol.
Fato é que restou no Mundialzão quem mais goza da minha simpatia dentre os quatro brasileiros representantes neste mundial, o Fluminense, não por acaso o menos abastado entre todos.
Um total de quase ninguém, isso mesmo, zero especialista de TV, ou botequim, apostava que seria o tricolor das Laranjeiras o brasileiro a ir mais longe na competição.
E ainda pode mais, continua indo.
Semifinalista.
O time que beirou o rebaixamento no Brasileirão, há seis meses, está entre os quatro melhores times do mundo.
Deve ser daí minha simpatia atual pelo tricolor carioca: este namoro com a zona da degola, tão comum a meu único amor, Vitória.
A gente espelha relações na vida e na bola.
Tem o fato de ser o time de gigantes como Chico Buarque, Nelson Rodrigues e afins também…
Mas, só o futebol permite esta trajetória como a do Flu!
A equipe com o menor investimento entre os nacionais, uma das menores folhas salariais de toda a Copa do Mundo, comandada pelo “boleirão”, Renato Gaúcho, segue avançando…
Renato Gaúcho, para muitos um fanfarrão, agregando mais façanhas ao seu DVD, feitos ao seu repertório de auto-exaltação e auto-estima elevados.
Talvez, o maior personagem do futebol brasileiro há décadas.
Multi-campeão como jogador em diversos times diferentes, apenas na Itália fracassou, retumbantemente, mas foi, exatamente, eliminando um gigante italiano neste mundial, a Inter, que ele respondeu as galhofas da imprensa do país da Bota sobre sua capacidade.
Imagine o Fluminense campeão do mundo neste formato?
Imagine Renato no topo do mundo?
Quem aguentará o Gaúcho?
Marcos Thomaz
*Este espaço é opinativo. As ideias e conceitos neles contidos não representam o pensamento e linha editorial do site, mas refletem a opinião pessoal do autor
**Texto dedicado aos amigos tricolores, Beto e Kléber, dois irmãos fundadores da Jampa Flu (torcida do Fluminense em João Pessoa) e que simbolizam bem esta loucura que é o amor pelo futebol.