Jumentos do Nordeste podem entrar em extinção em 5 anos, diz estudo

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jumentos do Nordeste
jumentos do Nordeste foto: Câmara dos Deputados

“Jumento não é, jumento não é, o grande malandro da praça, trabalha, trabalha de graça”

A canção, clássica da peça Saltimbancos, nem imaginava o futuro ainda menos glorioso para o animal, símbolo de outrora do Nordeste brasileiro.

Nos últimos 30 anos, o Brasil assistiu a um desastre silencioso: a quase extinção dos jumentos do Nordeste. Esses animais, por séculos, foram símbolos de resistência e trabalho no semiárido nordestino. De acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o país já perdeu 94% de sua população de jumentos, restando apenas 78 mil animais em 2025 – contra 1,37 milhão em 1999. E a extinção do animal no país pode ocorrer nos próximos cinco anos.

O símbolo de força e labuta, real, companheiro do homem sertanejo rural nordestino há décadas já nem trabalha mais. De graça, ou não.

Substituído por motocicletas nos trabalhos de transporte de carga e gente foi, literalmente, relegado, considerado um estorvo local.

Agora, um novo fenômeno motiva um verdadeiro massacre em escala industrial, impulsionado pela demanda chinesa por ejiao, um suplemento feito com colágeno extraído da pele dos jumentos do Nordeste .

Entre 2018 e 2024, 248 mil animais foram abatidos, principalmente na Bahia, onde estão concentrados os três únicos frigoríficos autorizados a realizar esse tipo de abate no país.

Jumento do Nordeste: perto do fim de uma espécie única

Ao mesmo tempo, o jumento nordestino não é apenas um animal de carga – ele possui um perfil genético único, adaptado ao clima árido do sertão. Sua extinção representaria:
Uma perda irreparável para a biodiversidade brasileira
O fim de uma tradição cultural e econômica para comunidades rurais
O risco de desequilíbrio ecológico em regiões onde esses animais ainda vivem soltos

A corrida para salvar os últimos jumentos do Nordeste

Diante da crise, cientistas, ativistas e políticos estão se mobilizando para evitar o pior:
Workshop Internacional em Maceió (AL) – De 26 a 28 de junho, a UFAL e a ONG britânica The Donkey Sanctuary discutem soluções sustentáveis.
Projetos de Lei em Tramitação – O PL 2.387/2022 (nacional) e o PL 24.465/2022 (Bahia) buscam proibir o abate de jumentos no Brasil.
Alternativas Tecnológicas – Pesquisadores defendem a produção de colágeno em laboratório, sem necessidade de matar animais.

Enquanto países africanos como Quênia, Nigéria e Tanzânia já baniram a exportação de jumentos do Nordeste para abate, o Brasil ainda permite essa prática. “Precisamos seguir o exemplo de nações que já entenderam o risco”, afirma Pierre Escodro, pesquisador da UFAL.

Assim, a pergunta que fica é: vamos deixar os jumentos brasileiros desaparecerem para sempre? Ou será que ainda há tempo para reverter essa tragédia?

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