Eu sei, você sabe, o mundo todo sabe que a fumaça branca anuncia o novo Papa!
-Habemus Papa.
Calma aí, seus excomungados.
O Pontífice nem foi sepultado ainda e alguns já estão de olho na Cátedra…
–Rei morto, rei posto– responde o herege.
Respeita o bom velhinho, que “pau que dá em Chico, dá em Francisco”!
Francisco, o Papa, senão o mais popular, o mais próximo do povo de todos!
Velado e a ser sepultado neste final de semana, no chão, como os outros mortais que habitam este plano terreno.
Mas, voltando ao começo…
LÁ DO ALTO
Se fumaça branca anuncia o novo Pontificado, o Vaticano pode oficializar o rito para divulgar a morte do Papa:
“A Ilze subiu no telhado”
A porta-voz oficial da Globo em Roma, na Itália e Europa de leste a oeste, incorporou de fato aquela expressão popular brasileira para anunciar tragédias, desgraças, “toda sorte de notícia ruim”:
“O gato subiu no telhado”
Faz uns cinco dias que Ilze Scamparini não sai do telhado.
Subiu e ficou.
-Hosana nas alturas!!
Já volta o blasfemador…
E vale lembrar, que foi a mesma Ilze quem cobriu a morte de outros dois papas, João Paulo Segundo (“Ah benção, João de Deeeeeeeuus”– grita como se estivesse na arquibancada o tricolor carioca) e o emérito Bento 16.
Portanto, três papas enterrados pela jornalista, direto do telhado!
-Já pode pedir música no Fantástico?- provoca, inconvenientemente, o pagão.
Tudo em casa
Pois, ontem uma amiga me disse que aquela paisagem privilegiada dela, quase flutuando sobre símbolos máximos da fé católica, como se fosse uma imagem sacra, uma epifania, é a sacada da casa da própria.
E eu vivendo de jornalismo com vista para um terreno baldio?!?!
Mas, veja bem, nem o secular, hermético dogma da Santa Igreja Católica resiste a obsessão brasileira por memes, pilhérias e afins.
“A Ilze subiu no telhado…”
O PAPA POP FOI GENTE COMO A GENTE
Além da sacralização da global correspondente, Ilze Scamparini, como cânone da Igreja Católica, há mais, muito mais simbolismo envolvido na partida do Papa Francisco…
Se a perda humana nas mais variadas circunstâncias, é digna de lamento, pesar, a partida de um representante máximo da maior religião do mundo, com esta envergadura moral, então?!?!
O tempo, somente o tempo mostrará o real gigantismo do senhor argentino Jorge Mario Bergoglio.
Aquele que, mais que reformas estruturais na carcomida, conservadora, quase impenetrável estrutura da Igreja Católica, revolucionou a forma de se dirigir, portar e falar de cristianismo no alto do púpito!
O homem Jorge e o Papa Francisco se misturavam, imiscuíam, embrenhavam entre si a todo instante, de bata, do alto da janela da Basílica de São Pedro.
Não havia divinização, nada etéreo seduzia o homem.
Sempre esteve perto da humanidade, porque era terreno mesmo.
Avesso a ostentações e auto-sacralização, tão comum a função
Socialista em causas e princípios, sim, para desespero dos cristãos modernos e senhores dos próprios rebanhos!
Um homem abençoado e necessário, fundamental a este tempo de ódio, perseguição, neo-cruzadas e tantas pestes pós modernas.
Uma perda imensurável a esta era…
Que, em um futuro próximo, tenhamos mais bons sinais, fortes sinais do que apenas a fumaça branca a anunciar o novo Papa!
Marcos Thomaz
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