Um dos maiores alertas já feitos sobre o futuro da vida na Terra ocorreu nesta terça-feira (8), durante a abertura do Forecasting Healthy Futures Global Summit, conferência internacional sobre clima e saúde, que ocorre no Rio de Janeiro. O evento antecede a COP 30, que será realizada no Brasil em novembro.
O cientista britânico Hugh Montgomery, diretor do Centro de Saúde e Desempenho Humano da University College London e autor do relatório da revista The Lancet sobre mudanças climáticas e saúde, fez uma declaração contundente:
“Se não mudarmos o rumo, podemos enfrentar uma extinção em massa como a do Período Permiano, quando 90% das espécies desapareceram.”
🔥 Um planeta em colapso
De acordo com Montgomery, o processo de extinção já está em andamento — e é o mais veloz da história do planeta. A causa? A própria ação humana. Em 2024, o mundo atingiu a marca recorde de 1,5 °C de aumento na temperatura média global em comparação com os níveis pré-industriais. Se não ocorrer nada, a temperatura poderá subir até 2,7 °C até o fim do século.
As consequências vão muito além do calor extremo. O cientista alerta para o colapso iminente das camadas de gelo do Ártico, o que causaria a elevação do nível do mar em vários metros e afetaria gravemente a Circulação Meridional do Atlântico, responsável por manter o clima estável em diversas regiões.
🌫️ Emissões fora de controle
Em 2023, foram lançadas 54,6 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente na atmosfera — um aumento de quase 1% em relação ao ano anterior. E o cenário é ainda mais preocupante com a presença do metano, gás que é 83 vezes mais potente que o CO₂ e está sendo intensamente liberado durante a exploração de gás natural.
De acordo com Montgomery, se a emissão desses gases não for tiver uma redução drástica, a própria economia global poderá entrar em colapso. Ele estima que as mudanças climáticas devem causar uma perda anual de até 20% do PIB mundial a partir de 2049 — o que equivale a cerca de 38 trilhões de dólares por ano.
🏥 Saúde em risco hoje e no futuro
Além dos impactos ambientais e econômicos, as mudanças climáticas já estão afetando diretamente a saúde da população. Ao mesmo tempo, ocorrem o aumento de doenças respiratórias, desnutrição e surtos de enfermidades que tem relação com o calor extremo.
Montgomery finaliza com um alerta direto:
“Adaptar-se é importante, mas não podemos tratar só os sintomas. Precisamos atacar a causa: a poluição desenfreada.”
📊 Tabela resumo: Crise climática em números
Tema | Dados/Revelações |
---|---|
Temperatura Global (2024) | +1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais |
Projeção até 2100 | +2,7 °C se nada mudar |
Emissões em 2023 | 54,6 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente |
Potência do Metano | 83x mais potente que o CO₂ |
Possível Extinção em Massa | Similar à do Período Permiano (90% das espécies extintas) |
Impacto Econômico previsto | -20% no PIB mundial/ano até 2049 (~38 trilhões de dólares) |
Elevação do nível do mar | Vários metros, caso o Ártico entre em colapso |
Efeitos sobre a saúde | Aumento de doenças respiratórias, surtos e insegurança alimentar |
Em suma, a crise climática não é mais uma previsão, é uma realidade em curso. E se não houver ação urgente, as consequências poderão ser irreversíveis — para o planeta, a biodiversidade e a própria humanidade.