Esta semana partiu para outro plano um dos maiores jogadores que vi envergar o manto do meu Vitória!
Leandro Domingues faleceu, vítima de um câncer no testículo.
Instantaneamente, a notícia me transportou a outra tragédia de outro ídolo rubro-negro baiano: Alex Alves.
Dois dos maiores heróis da minha relação com o ECV que partiram cedo, “os bons morrem antes”, diz o poeta!
Leandro com 41 anos, Alex ainda mais cedo, aos 37.
Com dribles, velocidade estonteante e capoeira, Alex Alves representa a geração da cristalização da minha paixão pelo Vitória, o “Brinquedo Assassino”, apelido daquele timaço vice-campeão brasileiro de 1993.
Autor, talvez do gol mais bonito da antiga Fonte Nova, quando driblou meio time do, até então invicto, Corinthians e ajudou a quebrar aquela escrita.
Pura explosão!
Já Domingues me proporcionou a maior exibição de um jogador que vi ao vivo!
Era uma quarta-feira chuvosa de um distante novembro de 2006!
A EPOPEIA
Saímos de João Pessoa a Campina Grande espremidos em um “Gol bola”, os fundadores do recente grupo denominado Nêgo Jampa – torcedores do Vitória na Paraíba”.
Este que vos fala, Rafa, Fabinho, Eliseu e Vianei, que futuramente fundou a torcida Leões do Vale, em Juazeiro.
Lá em Campina se juntou a nós Mateus, irmão de Eliseu e outro pioneiro da Nêgo Jampa!
Água torrencial no Amigão, fonte inspiradora para o menino Domingues fazer chover em campo.
Três gols, fora o baile, como dizem os boleiros!
De fora da área, com pé direito, com pé esquerdo, driblando zagueiro, encobrindo o goleiro…
Canetas, drible da vaca, passes milimétricos!
Leandro Domingues era um jogador muito acima da média para aquela prateleira do futebol brasileiro.
ELENCO COLOSSAL
Aliás, aquele plantel do ECV destoava: os jovens Apodi, Marcelo Moreno e Davi Luiz estreando no profissional; os veteranos Preto Casagrande e Emerson se despedindo dos campos, além dos emergentes Bida e Índio.
Estávamos, ineditamente, na Série C, terceira divisão, calabouço do futebol brasileiro à época.
Bavi no fundo do poço e vencemos, enquanto eles ficaram, vale frisar.
Também estivemos nos dois duelos contra os arquirrivais na Bahia, mas isto rende uma outra história isolada…
Voltando a festa no Amigão…
Tivermos reforço até da torcida raposeira, que aproveitou o xaréu¸para zoar o rival.
No retorno, em êxtase pela apoteose de Leandro Domingues, festa estendida nos botecos da capital.
ALEGRIA ETERNA
Aos adeptos o futebol cria heróis, mitifica figuras, que chegamos a considerar sobre-humanos.
Mas, vem a vida e reestabelece a finitude de todos.
O que é estranho, porque a figura do ídolo a nós é imortal!
Já diz a Boleiragem que, “jogador morre duas vezes, uma quando se aposenta e outra, de fato”!
Estes dois guerreiros rubro-negros gastaram os cartuchos da morte, quase simultaneamente: dos campos e da vida.
Que sigam, estejam em paz e obrigado por tantas alegrias…
Marcos Thomaz
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