Baseada em lucro e exploração, a ‘máquina de loucos’ gira sem parar

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Foto: Agência Brasil

O mercado não é legal, é imoral e não engorda!

Dia desses fui fazer minha ida anual ao Shopping Center!

Claro, hora daquela casquinha de sorvete!

Quem resiste? Meu pai toma umas cinco a cada voltinha por aquele universo.

Era o quiosque da mais tradicional rede de fast food brasileira.

Além dos milkshakes, novidades da hora como o tal pistache.

Tudo é pistache neste país. De repente a fruta inalcançável virou febre gastronômica tupiniquim!

Mais uma “modinha” vinda dos states e empurrada goela abaixo aqui e alhures.

É bom, mas o tal sorvete shake exótico custava a bagatela de 30 rurais.

A amada queria, mas sou informado pelo solitário atendente que havia acabado.

Na fila, uma sedenta curiosa escuta a negativa de suas tentadoras intenções de cair de boca na iguaria ianque.

Não esconde a frustração e questiona se lá em cima, na loja mesmo, não teria o produto.

Diante da afirmação positiva do multi-atarefado funcionário ela não se contem e vai além:

-Por que não subiu pra abastecer?

O constrangimento, olhar de repulsa é quase geral.

Ciente do total absurdo do pensamento intrusivo, a “pistacheira” tenta contornar questionando o fato de que a empresa poderia ter reabastecido, afinal tratam-se apenas de algumas escadas rolantes etc e coisa e tal…

O abandonado profissional, ilhado naquele cubículo de plástico e aromas artificiais, cercado de gente, sob olhares geral, continua a receber pedido, passar conta, catar pagamento e servir.

Caixa e sorveteiro, tudo ao mesmo tempo agora!

A fila se estendia em volta de caracol.

Só naquele “mercado consumidor” do momento consigo projetar, rapidamente, que em menos de uma hora de atendimento, pelo menos mil reais de arrecadação cairia no caixa do quiosquinho.

Mais da metade do salário de todo o mês, do menino (ainda era jovem, quase imberbe)!

Veja bem…

O  operário padrão que fornece quase duzentas horas de sua mão de obra a empresa por mês, acumula em fração de hora quase o necessário a sua remuneração.

Negócio da China, digo do Capitalismo mesmo.

Apenas mais um jovem mergulhado na missão escala 6×1!

O resto é “Lucro, máquina de louco!”, já diz o Baiana System.

E foi exatamente na Bahia do carnaval, há quase mil quilômetros daqui de João Pessoa, que me veio a mente um episódio típico a este das relações de trabalho, ou nossa escravidão profissional de tempos modernos

Uma Lei Municipal de Salvador estabelece obrigatoriedade de equipamentos de segurança para os cordeiros,  tradicional e imprescindível atividade para funcionamento dos blocos.

Os donos de blocos logo gritaram contra o custo da medida.

Alegavam o custo extra que teriam em adquirir fones de proteção auricular e luvas para os temporários.

Blocos carnavalescos que cobram mil reais pra lá de cada abadá e pagam menos de 100 reais aos cordeiros por dia trabalhado no carnaval, reclamando de uns reais a mais em itens básicos.

Os mesmos empresários que implantaram chip para monitorar o trabalho dos homens e mulheres das cordas.

Claro, para fiscalizar vale todo cusrto, agora para proteger, preservar a saúde? Aí já é demais…

Esta proporção nada justa é a mesma que o mercado aplicou aqui em João Pessoa no debate sobre reajuste salarial dos motoristas de ônibus.

Quando foi para justificar o aumento do preço das passagens ao cidadão  de R$ 4,90 para R$ 5,20 tudo repassado sem xorumelas, na hora de corrigir a remuneração dos agentes uma negociação e ofertas de esmola.

Isto porque, assim como no exemplo multitarefa do sorveteiro, são os motoristas, há tempos, cobradores, quase mecânicos etc e coisa e tal.

É o Mercado, esta entidade imaginária que virou pauta do país, influenciador dos rumos da nação e determinante do pensamento comum.

Antes, em tempos menos tenebrosos, as idéias do mercado estavam nas entrelinhas, editoriais e narrativas camufladas da grande mídia e elite econômica.

Mas, de repente, não mais que de repente, o Mercadão fez escola e catequizou mentes periféricas.

Virou esperança e tábua de salvação de pobre!

Creiam, hereges.

A convicção é deixar nas mãos do mercado a resolução dos problemas da nação!

 

Atribuir algum interesse em minimizar miséria e estabelecer justiça social a esta estrutura pautada em lucro e exploração!

E se verbaliza isto sem pudor, pior sem refletir a lógica do raciocínio!

É surreal.

“O Mercado não reagiu bem”

“Anúncio do governo motiva alta vertiginosa do dólar

Via de regra, quase sempre são reações a políticas públicas sociais.

É o MERCADO, este ser sem forma, impalpável, mas com garras vorazes, tentáculos inescapáveis, arrastando tudo e todos para si, sugando tudo ao redor com suas ventosas!

Só se fala em PIB, números absolutos, macros e não se questiona que somos a décima economia do mundo com a décima pior distribuição de riqueza!

Como já dizia Maria da Conceição Tavares: “Uma economia que diz que precisa primeiro estabilizar, depois crescer, para só depois distribuir é uma falácia!”

Portanto, “mortais”, parem de repetir discurso “daquele 1%” da super elite nacional!

Marcos Thomaz    

*Este espaço é opinativo. As ideias e conceitos neles contidos não representam o pensamento e linha editorial do site, mas refletem a opinião pessoal do autor

 

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