Brasil é o 5º no mundo em número de crianças obesas

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Obesidade infantil. Foto: Freepik
Obesidade infantil. Foto: Freepik

A obesidade infantil é um problema de saúde pública que vem crescendo de forma alarmante no Brasil e no mundo. De acordo com dados recentes, 1 a cada 7 crianças brasileiras está com excesso de peso, e o país caminha para se tornar o 5º no ranking mundial de obesidade infantil até 2030. Com apenas 2% de chance de reverter esse cenário se nada for feito agora, é urgente discutir as causas, consequências e possíveis soluções para esse problema.

O cenário da obesidade infantil no Brasil

Os números são preocupantes. De acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), em 2023, 14,2% das crianças com menos de 5 anos já apresentavam excesso de peso ou obesidade. Quando olhamos para faixas etárias mais amplas, os dados são ainda mais impactantes:

  • Crianças de 2 a 4 anos:
    • 14,3% com excesso de peso
    • 227,6 mil com obesidade
    • 273,3 mil com sobrepeso
  • Crianças de 5 a 9 anos:
    • 29,3% com excesso de peso
    • 200 mil com obesidade grave
    • 352,8 mil com obesidade
    • 670,9 mil com sobrepeso

Esses números colocam o Brasil em uma posição crítica no Atlas Mundial da Obesidade, que projeta o país como o 5º com maior número de crianças e adolescentes obesos até 2030.

Fatores que contribuem para a obesidade infantil

Dr. Afonso José Sallet, especialista em obesidade e doenças metabólicas do Instituto Sallet, destaca que a obesidade infantil é um problema multifatorial, influenciado por diversos aspectos:

  1. Má alimentação:
    • Consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, doces, refrigerantes e salgadinhos.
    • Falta de acesso a alimentos frescos e nutritivos, especialmente em escolas.
  2. Sedentarismo:
    • Uso excessivo de dispositivos eletrônicos, como tablets e videogames.
    • Redução de atividades físicas e brincadeiras ao ar livre.
  3. Genética e histórico familiar:
    • Crianças com pais obesos têm maior predisposição a desenvolver a doença.
  4. Fatores emocionais:
    • Depressão, ansiedade e bullying podem levar ao consumo excessivo de alimentos como forma de conforto.
  5. Ambiente familiar e social:
    • Hábitos alimentares inadequados e falta de incentivo à prática de exercícios físicos.

Iniciativas do governo para combater a obesidade infantil

Diante desse cenário, o Governo Federal tem adotado medidas para melhorar a alimentação nas escolas e reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados. Em fevereiro de 2025, foi anunciada a redução do limite de alimentos processados e ultraprocessados nas escolas públicas:

  • 15% em 2025
  • 10% em 2026

Essa iniciativa faz parte do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que busca fortalecer a alimentação escolar no Brasil e promover hábitos alimentares mais saudáveis desde a infância.


Consequências da obesidade infantil

A obesidade infantil não afeta apenas a saúde física das crianças. Ela também traz impactos emocionais, sociais e aumenta o risco de doenças crônicas na vida adulta. Entre as principais consequências estão:

  • Doenças crônicas: Diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares.
  • Problemas emocionais: Baixa autoestima, depressão e ansiedade.
  • Dificuldades sociais: Bullying e isolamento social.

Tabela: Dados sobre obesidade infantil no Brasil

Faixa Etária Excesso de Peso Obesidade Sobrepeso Obesidade Grave
2 a 4 anos 14,3% 227,6 mil 273,3 mil
5 a 9 anos 29,3% 352,8 mil 670,9 mil 200 mil

Como combater a obesidade infantil?

O combate à obesidade infantil exige uma abordagem integrada, envolvendo pais, educadores, profissionais de saúde e políticas públicas. Algumas medidas essenciais incluem:

  1. Promover alimentação saudável:
    • Incentivar o consumo de frutas, legumes e alimentos naturais.
    • Reduzir o acesso a alimentos ultraprocessados em casa e nas escolas.
  2. Estimular a prática de atividades físicas:
    • Criar espaços seguros para brincadeiras ao ar livre.
    • Incentivar a participação em esportes e atividades recreativas.
  3. Educação alimentar:
    • Ensinar crianças e famílias sobre a importância de uma alimentação balanceada.
  4. Apoio emocional:
    • Identificar e tratar questões emocionais que possam levar ao consumo excessivo de alimentos.
  5. Políticas públicas:
    • Ampliar programas como o Pnae e criar campanhas de conscientização.

Assim, a obesidade infantil é um desafio complexo que exige ações urgentes e coordenadas. Com 1 a cada 7 crianças já enfrentando excesso de peso no Brasil, é fundamental que todos – desde as famílias até o governo – se unam para reverter esse cenário. A princípio, a mudança começa com pequenos passos, como a escolha de alimentos mais saudáveis e a prática de atividades físicas, mas também depende de políticas públicas eficazes e de uma sociedade consciente.

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