O Botafogo Glorioso não era uma Lenda

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Foto: Agencia Brasil

Em um intervalo de dias o Botafogo reescreveu sua história!

Aquele time, que recebe a portentosa alcunha de GLORIOSO, resgatou uma mística que parecia existir apenas em uma memória empoeirada!

Feitos e magia ocorridos no Reino de Tão Tão Distante, que pareciam se tratar de um sonho de glórias, epopeias,  que em nada pareciam reais, eram como fruto de algum devaneio, ilusão!

Havia um abismo temporal e de status entre o Botafogo mítico, imaginário e o de fato, conhecido nos campos do Brasil por gerações mais novas, incluindo a minha.

A distância de tempo, as “pixotadas” acumuladas ano após ano, com marco principal em 2023, quando “entregou a paçoca” com 13 pontos de vantagem e derrapadas sofrendo viradas duas vezes após vencer por três a zero…

-Coisas que só acontecem com o Botafogo!

Nem o botafoguense, aliás, começava pelo próprio botafoguense, a descrença na glória!

Aquela estrela solitária outrora incandescente, adquiria fulgor nulo, de breu das trevas no semblante do torcedor e pelos campos do Brasil.

Chegava-se a desconfira se o passado mitificado, figuras celestes como Garrincha, Nilton Santos, Didi, Zagallo, Heleno de Freitas, até Túlio não seriam uma quimera, um desatino, traição da memória coletiva!

Os próprios sentiam viver uma espécie de maldição!

Se você queria definir, estigmatizar mesmo um típico sofredor, bastava pensar no botafoguense!

O próprio assim se definia. Apaixonado, talvez e cada dia mais, incoerentemente, como todas as magias do futebol, mas sofredor em sua essência!

Não mais.

Como estampava uma faixa em destaque durante quase todo este ano da graça, no Engenhão:

“Ano passado eu morri, mas este ano eu não morro!”

O verso de Belchior é a tradução perfeita para definir o sentimento dos milhões de seguidores do Glorioso, Brasil afora.

Em outra licença poética uma faixa avisa em recado potente do Planet Hemp :

-Esperem sentados a rendição!

O que se viu foi redenção!

Esqueçamos todas as máximas pejorativas, pois a ESTRELA SOLITÁRIA voltou a brilhar e agora resplandece como constelação!

Eu mesmo, como crente na força máxima do futebol, na resenha da esquina, nunca perdoava meus amigos sofredores, agora ex-sofredores.

Um deles, com cinco pontes de safena e outras mazelas causadas pelo Botafogo, me advertia no trabalho, após mais uma vez, como uma sina, ter sido ultrapassado pelo Palmeiras, na mesma fatídica trigésima quinta rodada

Eu dizia:

-Sinais, fortes sinais.

Ele replicava:

-Venceremos o campeonato com seis pontos de vantagem.

Dito e feito.

Aquela crença ilógica, típica e atípica a um torcedor tão castigado, se profetizou.

Aliás, em pouco menos de duas semanas o botafoguense reescreveu a própria história.

Saiu do “amarelão, pipoqueiro” tradicional no conceito geral para aqueles esquadrões capazes de feitos épicos.

Bateu o Palmeiras na casa do adversário de maneira inapelável, recuperou a liderança do Brasileirão e “na emenda” já alcançou a Glória Eterna, conquistando a América jogando com um a menos todo a final contra o Atlético Mineiro.

É o Botafogo 2025 não apenas revelando aos hereges, como eu, descrentes em geral, que a mística do time, que a Fifa aponta entre os maiores do século XX, sempre existiu de fato.

Não é lenda.

Agora, os detratores, opositores, zombeteiros em geral, terão que agüentar o chororô, mas é de emoção, orgulho do mais forte e maior campeão time do Brasil na atualidade.

Dedico este texto a muitos, dezenas de amigo botafoguenses que tenho e sempre estiveram presentes na minha relação com o futebol, desde a remota Buerarema, onde aprendi a amar este jogo. Alguns ainda estão  aqui, outros já se foram (Márcio, in memorian). Comemorem, pois como vocês mesmo dizem:

-É tempo de Botafogo!

Marcos Thomaz    

*Este espaço é opinativo. As ideias e conceitos neles contidos não representam o pensamento e linha editorial do site, mas refletem a opinião pessoal do autor

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