A diferença salarial no Brasil revela uma face preocupante da desigualdade racial e de gênero no mercado de trabalho. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais divulgada pelo IBGE, a hora trabalhada por uma pessoa branca vale, em média, 67,7% mais do que a de trabalhadores pretos e pardos. Enquanto negros recebem R$ 13,70 por hora, brancos recebem R$ 23, evidenciando uma disparidade que persiste em todas as faixas de escolaridade.
Essa desigualdade é ainda mais acentuada entre trabalhadores com ensino superior completo, onde a hora trabalhada por brancos é 43,2% mais bem remunerada do que a de negros (R$ 40,24 contra R$ 28,11).
Além da disparidade racial, a pesquisa destaca desigualdades de gênero. Homens ganham, em média, 26,4% a mais do que mulheres, recebendo R$ 3.271 contra R$ 2.588. A hora trabalhada também reflete essa diferença: R$ 18,81 para homens e R$ 16,70 para mulheres.
Tabela Comparativa: Disparidades Salariais e de Emprego
Indicador | Brancos | Pretos e Pardos | Homens | Mulheres |
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Hora trabalhada (média, R$) | 23,00 | 13,70 | 18,81 | 16,70 |
Salário médio (R$) | 3.847 | 2.264 | 3.271 | 2.588 |
Taxa de informalidade (%) | 34,3 | 45,8 | – | – |
Taxa de subutilização (%) | 13,5 | 21,3 | 14,4 | 22,4 |
Nível de ocupação (%) | – | – | 67,9 | 47,9 |
Desigualdade Estrutural e Seus Impactos
A pesquisa aponta que essas desigualdades refletem características estruturais do mercado de trabalho brasileiro. Pretos e pardos estão mais presentes em ocupações menos remuneradas, como construção civil, agropecuária e serviços domésticos, enquanto brancos predominam em setores mais bem pagos, como administração pública e tecnologia da informação.
Outro dado preocupante é a informalidade, que atinge 45,8% dos negros, em comparação com 34,3% dos brancos. A subutilização da mão de obra também ocorre entre negros (21,3%) do que entre brancos (13,5%).
Gênero e Trabalho Não Remunerado
A disparidade de gênero no mercado de trabalho é exacerbada pelo trabalho não remunerado, como cuidados domésticos e familiares. Embora as mulheres tenham, em média, maior escolaridade, seu nível de ocupação é 20 pontos percentuais menor que o dos homens (47,9% contra 67,9%).
Conclusão
Os dados do IBGE evidenciam a necessidade de políticas públicas que promovam equidade racial e de gênero no mercado de trabalho, enfrentando as raízes estruturais dessas desigualdades. Investir em educação, capacitação profissional e inclusão no mercado formal são passos fundamentais para reduzir as disparidades que persistem há décadas.