Samuel Rosa, ex-vocalista do Skank, recentemente compartilhou suas reflexões sobre como o consumo de música mudou drasticamente com os streamings e redes sociais. Para ele, a forma atual de consumir música representa uma espécie de “involução”. Desse modo ele compara com o abandono de talheres e a volta a comer com as mãos. “Eu acho que a gente tem que andar pra frente, tem que melhorar tudo”, disse Samuel. Ele também ressalta sua preocupação com o imediatismo e superficialidade que dominam a forma como ouvimos músicas hoje. As declarações de Samuel ocorreu durante entrevista para a CNN Brasil.
A Perda da Reflexão e da Educação Musical
Samuel ilustra essa mudança com uma experiência pessoal. Ao tentar mostrar uma música para sua filha no carro ele percebeu que ela pulava as faixas. Então ele questionou: “Mas você não vai ouvir a música até o final?” Ao que ela respondeu: “Pai, ninguém escuta a música até o final”. Essa resposta, segundo Samuel, é um reflexo do mundo supersônico em que vivemos, onde tudo é urgente e cheio de informações. Mas, sem necessariamente agregar qualidade ou profundidade.
“É tudo muito estressado, muita informação, claro que isso não reúne igualidade, nunca foi”, pondera Samuel. Para ele, a música perdeu parte de sua função educativa e reflexiva, sendo agora apenas um produto de consumo rápido, muito diferente dos tempos em que as pessoas ouviam álbuns inteiros, com paciência para explorar as nuances de cada canção.
Lançando um Álbum Completo em Tempos de Singles e IA
Desafiando as tendências atuais, Samuel Rosa lançou recentemente um álbum completo com dez músicas inéditas, gravado de forma tradicional com uma banda ao vivo, incluindo bateria, teclados e metais. Ele enfatiza que o projeto não foi criado por inteligência artificial ou apenas por um produtor e ele próprio, mas sim com uma equipe completa, buscando resgatar a essência de fazer música com alma e autenticidade.
Para Samuel, a música deve ir além do entretenimento puro; ela deve contribuir para a formação de uma visão de mundo. “Eu ainda acredito”, conclui, destacando a importância de valorizar a experiência completa de ouvir música, de forma mais consciente e envolvente, como um convite para desacelerar e realmente apreciar a arte em todas as suas dimensões.