Conheça o “afroportunismo”, o novo fenômeno político do Brasil

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Foto: Agência Brasil

E de repente a política brasileira “empreteceu”!

Nunca tantos candidatos se declararam pardos, pretos…

Cinquenta e dois por cento, ampla maioria dos postulantes a cargos nas eleições municipais próximas se declararam assim.

-É o fenômeno Afrobege!- grita logo o gaiato baiano.

Aos desavisados das mumunhas e presepadas da Boa Terra explico:

Afrobege, termo carregado do humor esculhambado baiano é como ficou conhecido o processo de transmutação dérmica de Antônio Carlos Magalhães Neto.

Para os íntimos, ACM Neto.

Nas últimas eleições estaduais, em 2022, o herdeiro do clã mais poderoso da história da Bahia mudou autodeclaração racial.

Mais que isso, Netinho, Grampinho, ou qualquer outro codinome que queira aplicar ao “quase preto”, carregou na tinta da pele também.

Em um indicativo de excesso, doses homeopáticas de bronzeamento artificial (não tenho provas, mas há sinais, fortes sinais…), o então candidato apareceu em tom cravo e canela para fazer inveja a Gabriela “amadiana”, durante boa parte da campanha.

Que Bloco é esse?!?!

No caso de ACM Neto a estratégia parece ter viés meramente imagético, de identificação com seu povo para aumentar perfil de eleitores

Afinal, o próprio justificava que “na Bahia, ninguém é branco”.

A fala do pretão logo foi alvo de saraivada de resistência de movimentos negros acusando-o de “Afroconveniência”.

Por outro lado também teve uma tímida corrente de defesa ao “new Black” local.

Afirmavam que os ataques a assunção de ACM Neto se tratava de colorismo, uma manifestação preconceituosa pautada em traços físicos visíveis de cor e características.

-Respeite a minha pretitude– brada o menino de vô!

Antes de qualquer coisa, a questão não é a “pardice”, mas o Afroportunismo (este eu inventei) de virar negro na eleição, na cidade mais preta do país e, quase do mundo!

O real impacto do “banho de pixe” do cidadão não se dá para calcular em absoluto, mas, seja pelo que for, Netinho saiu da liderança disparada em pesquisas para uma derrota acachapante em primeiro turno.

Deu ruim a fraude racial lá.

“Aqui não, negão”.

Fenômeno Nacional

Voltando ao ano que corre a galope vamos pegar um alado negro e sair da Bahia a Paraíba

Fato é que não deveria ter nenhum alarde no fato da maioria dos candidatos serem negros, visto que a população brasileira é majoritariamente desta classificação étnica-racial.

Mas, assim sendo, cadê a representação preta no Congresso, parlamentos estaduais e municipais, executivo em geral??

Mas, voltando ao tema, se as candidaturas negras são maioria em todo o país e isto já surpreende, na Paraíba um fenômeno específico chama a atenção.

É aqui que a maior parte dos postulantes a uma cadeirinha de prefeito, ou uma vaguinha na Câmara Municipal de sua cidade, mais mudaram de cor entre esta e a eleição anterior.

Nada menos que 35% dos candidatos a qualquer coisa na Paraíba modificaram declaração, o que representa um universo total de três mil e duzentas pessoas, que milagrosamente, mudaram de cor.

O inocente me fala sobre formação de consciência de raça…

Eu, que não tenho pacto com a pureza da alma, nem titubeio em cravar que o movimento mirava em cheio as cotas para este perfil de candidaturas, logo 50% das verbas partidárias.

A manobra foi diretamente atingida por uma PEC no Congresso que reduz para 30% o percentual mínimo de cada partido em candidaturas negras, além de anistiar descumprimento de cotas em eleições anteriores.

A seguir assim, em 2026 o Brasil volta a sua tonalidade política natural.

Marcos Thomaz    

*Este espaço é opinativo. As ideias e conceitos neles contidos não representam o pensamento e linha editorial do site, mas refletem a opinião pessoal do autor

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