O carneiro berrou.
Alto, como há tempos não fazia.
Típico de ruminante quando chega em terreiro novo!
Com a tradicional arrogância saiu “chifrando” pra todo lado.
Paulo Carneiro, remanescente daquele perfil de cartola clássico do futebol brasileiro, truculento, que resolve tudo no campo, ou na porrada.
Próprio dos dirigentes dos anos 80,90 e eras passadas diversas, estilo Eurico Miranda e afins…
O ex-presidente do Vitória (em duas ocasiões), após um longo período de ostracismo e “silenciamento” voltou aos holofotes no jeito tradicional: barulhento, pedante e de pata, digo dedo em riste.
Confessou compra de Desembargador, adulteração de exame anti-doping de jogador e tudo o mais.
Tudo ao vivo
Ao vivo, estrategicamente planejado, milimetricamente encenado para transparecer surpresa, estupefação com o fato de estar sendo registrado.
Cena característica de um vaidoso e, outrora onipotente senhor do futebol baiano, nordestino e com boa influência nacional, inclusive.
PC, como é alcunhado pelas bandas baianas, tem seus muitos méritos na evolução do rubro-negro baiano e futebol regional (isso nem uma antipatia ao perfil pode negar).
Foi ele quem construiu boa parte do complexo do Barradão, levou a Toca do Leão medalhões como Bebeto (retorno), Petkovic, Túlio, Edílson etc , estabeleceu a maior hegemonia do Vitória no futebol da Bahia e Nordeste.
Mas é também quem levou o clube aos piores dias de sua história, com os únicos dois rebaixamentos a série C.
Foi ainda o berrante e bravo Carneiro quem peitou Globo e CBF e permitiu retorno, por exemplo, da Copa do Nordeste, aparentemente neste mesmo processo escandaloso que apresentou na polêmica entrevista.
Enfrentou também o Clube dos 13 em direitos de transmissão na década de 90, forçando a entrada do ECV e outros clubes na divisão do rateio de cotas de TV.
Tudo isso a base da empáfia, ameaças, mas paradoxalmente também visão arrojada.
Sem importar os métodos ou pudor.
Com uma mão construía e com a outra destruía.
A quem conhece a trajetória do cidadão em nada surpreende, ou espanta as confissões indecentes.
Há mais, muito mais a revelar, ou resgatar, inclusive.
Procurem saber
E nem adianta aos torcedores rivais, especialmente do Bahia, quererem transformar isso em fonte de regozijo e alguma outra vantagem esportiva.
Aos incautos tricolores recomendo a leitura arrebatadora do best-seller, Futebol, Paixão e Catimba, de Osório Vilas Boas.
Nele, o ex-manda-chuva do Bahia (para muitos e maioria o maior presidente da história do clube) esmiúça em detalhes mais de uma dezena de falcatruas, tramóias, esquemas, ciladas conduzidas para levar o esquadrão a títulos diversos.
“Se macumba ganhasse jogo campeonato baiano terminaria empatado”
A máxima popular pode nem fazer sentido mas, o que não resta dúvidas, é que, se em tempos passados as “forças de bastidores” funcionassem ao mesmo tempo na Bahia, seria difícil qualquer jogo, ou campeonato ter um vencedor…
E isso, nada mais é do que o reflexo de todo o futebol brasileiro.
Que este perfil de cartola, mandatário de clube tenha ficado no passado, assim como as tenebrosas transações!!
Marcos Thomaz
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