Como os Podcasts de YouTube estão acabando com o Jornalismo

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Nos últimos anos, os podcasts do YouTube se tornaram uma febre. Com apresentadores carismáticos e uma gama diversa de convidados, eles conquistaram uma audiência massiva. No entanto, a superficialidade com que muitos desses programas tratam os assuntos está preocupando aqueles que prezam pelo verdadeiro jornalismo.

Quando você pensa que o entrevistador vai mergulhar em um assunto ou história, a água não bate nem no tornozelo. Os podcasts do YouTube frequentemente deixam o convidado com toda a responsabilidade de lembrar nomes, datas e situações. Essa falta de profundidade e o despreparo do apresentador resultam em conversas que mais confundem do que esclarecem. É como assistir a uma peça de teatro sem roteiro, onde os atores improvisam sem direção, deixando a audiência perdida e insatisfeita.

A vergonha alheia de ver uma conversa avançar sem deixar brecha para uma análise mais detalhada é notória. A preguiça de realizar uma pesquisa em tempo real para pontuar a entrevista é algo ridículo que deve deixar aqueles que se notabilizaram no jornalismo de cabelo em pé. O papel do jornalista é buscar a verdade, contextualizar fatos e apresentar uma narrativa coesa. No entanto, muitos desses podcasts parecem ignorar esses princípios básicos, optando por uma abordagem desleixada e descuidada.

O mais fatídico é que hoje esses podcasts do YouTube existem às pencas. Normalizou-se o fato de que não é preciso uma produção prévia para pesquisar e saber contextualizar cada história no momento da entrevista. A ausência de um trabalho minucioso de bastidores resulta em entrevistas rasas e cheias de lacunas. Isso não apenas desinforma o público, mas também degrada o padrão do que se espera de uma entrevista de qualidade.

O outro lado que salva

Por outro lado, nem tudo está perdido. Existem vídeos que contam histórias somente com citações bibliográficas, extraídas de biografias literárias, entrevistas passadas, vídeos sobre a história do entrevistado, matérias e artigos de jornais. O canal do jornalista Julio Ettore, por exemplo, faz um trabalho exemplar no YouTube. A influencer Bell Barros também se destaca em seus vídeos no Instagram e TikTok, embora não cite as fontes de sua pesquisa. Contudo, esse tipo de formato de informação é muito mais válido porque pontua e não confunde o internauta. Esses vídeos oferecem uma narrativa estruturada e fundamentada, proporcionando uma compreensão mais clara e rica dos temas abordados.

Em conclusão, é muito chato e enfadonho passar por uma entrevista que gera mais dúvidas do que esclarecimentos. Se as redes sociais deram um pouquinho de ser jornalista para cada internauta, as pessoas que conduzem canais de entrevista deveriam ter menos vergonha e mais disposição em mergulhar a fundo na história contada, trazendo mais respostas do que perguntas. A responsabilidade de informar com precisão e profundidade não deve ser subestimada, e é crucial que os apresentadores se empenhem em oferecer conteúdo que realmente agregue valor ao público.

Em tempo: A imagem destaque desse texto mostra o podcast apresentado por Rogério Vilela entrevistando o músico Sérgio Dias, do Mutantes. Essa entrevista representa um melhores exemplos do que está sendo realizado hoje em dia no Youtube e que traz mais dúvidas do que certezas sobre a obra de um artista.

Da redação

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