Ainda em meio ao caos, “choro e ranger de dentes” constatar que a tragédia no Rio Grande do Sul é apenas o estopim de um fenômeno que, invariável e fatalmente, se transformará em algo frequente por todo o Brasil é aterrador.
Como este exemplo servirá de lição para outras localidades?
Mais que isso, como estes lugares estão se preparando para evitar maiores danos?
Aqui na Paraíba, apesar de incipiente, surge como um alento a movimentação parlamentar para colocar a questão em pauta.
A importância do debate
Tudo ainda no campo das ideias. Contudo, existir o debate já é um primeiro passo para criar soluções que criem um roteiro diferente da negligência pública que levou a hecatombe gaúcha.
Nesta quinta-feira, 23 de maio, a Assembleia Legislativa realiza uma reunião com o tema “A Gestão de Riscos Ambientais no Estado da Paraíba: como estão as medidas de prevenção frente a desastres?”
A propositura foi da Deputada Cida Ramos.
Em outra frente o deputado Chió propõe a criação de um Observatório Estadual das Mudanças Climáticas, com o objetivo de monitorar e analisar os impactos ambientais aqui no estado.
Ambos parlamentares alinhados a esquerda, mas se tem uma coisa que não tem cor partidária é a pauta ambiental e sua urgência urgentíssima.
Menos ainda a responsabilidade nacional sobre esta questão.
RS deve ser exemplo de como não agir
No Rio Grande do Sul, por exemplo, estado mais devastado hoje e historicamente por um fenômeno brusco climático no Brasil, a inação não teve ideologia.
Menos de dez por cento dos deputados federais gaúchos destinaram qualquer recurso de emenda parlamentar a prevenção de tragédias.
O governo gaúcho, mesmo com todo alerta e o claro sinal dado na enchente anterior, em 2021, reduziu orçamento para a Defesa Civil e nada fez de concreto para conter a nova enxurrada.
O governo federal de Bolsonaro deixou “passar boiada”, já o do PT engavetou, pior, fez desaparecer sumir programa que previa dentre outras coisas a tragédia gaúcha.
Você já havia ouvido falar do Brasil 2040? Pois é, um amplo estudo encomendado e renegado pelo Governo Dilma, lá em 2014.
Somos referência mundial em estudo, prevenção e sistema de monitoramento climático, basta respeito a ciência e aplicação política, pragmática.
Como diz a máxima: todo filme de desastre começa com um cientista sendo ignorado e taxado como louco.
Que o exemplo da Assembleia Legislativa da Paraíba em antecipar o debate não se restrinja a planos, idéias vagas apenas, mas se transforme em projetos e sejam executados para que, quando a força da natureza se manifestar aqui o povo paraibano sofra menos.
Marcos Thomaz
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