Ontem eu escrevi sobre o episódio do reconhecimento público de “Portugal” aos crimes cometidos durante a colonização do Brasil e além…
Mas, não satisfeito, quero compartilhar outras leituras sobre este episódio.
Senta na proa, curta o vento noroeste e vamos cruzar o Atlântico…
Logo após o pronunciamento do presidente purrrrrrrtuguêix, Marcelo Rebelo, adivinha quem saiu a gritar contra a medida?
CHEGA!
Calma, este é o nome do partido de extrema-direita lá de Portugal.
Sugestivo, né?
CHEGA!
Aquele brado simplista de interrupção, suspensão de algo e tudo ao mesmo tempo.
E, claro, usam isso como se fosse um grito contra corrupção, perversão e todo tipo de “ÃO DE SÃO”, como diria o Brown, não o Mano das quebradas, mas o Carlinhos da Timbalada.
Isso lembra algum movimento aqui, entre os trópicos?
Pule da embarcação não. Fica aí que mais a frente, vamos chegar neste ponto, em terra firme…
Voltando aos conceitos “vendidos” por esta turma esquisita, que faz barulho contra tudo o que mexe no hegemônico, é tudo balela.
Engodo, jogo de cena para camuflar o que realmente querem.
A pauta moral, tão cara a uma sociedade temerosa, absorta em mudança frenética de costumes e modos de vida é o álibi perfeito para manter parte considerável da sociedade teleguiada a um projeto de poder voraz, implacável.
A única coisa que interessa a extrema-direita, realmente, é quebrar o ciclo de mudanças.
“Fingir mudar para manter tudo como está”
Reação a qualquer progressismo, passos de igualdade e reparação histórica no mundo desigual desde que “o mundo é mundo”.
Como todo projeto radical-conservador no planeta, o que incomoda é a quebra de paradigmas, ruptura das estruturas carcomidas, entranhadas, empoeiradas, enferrujadas no poder.
E qual a melhor narrativa para isso?
O temor social com discurso de ameaça a costumes e crenças estratificados.
Sabe o que equivale ao CHEGA no Brasil? O Bolsonarismo.
Mais que isso, são irmãos umbilicais, é fraternidade sanguínea.
Tem até representação personalizada por lá.
O brasileiro Marcus Santos é o deputado bolsonarista em Portugal.
Um parlamentar eleito em terras lusas por um partido que tem, dentre as principais bandeiras, o combate ao processo imigratório.
Típico das contradições explícitas desta turma.
É o CHEGA quem se alimenta e retroalimenta a onda xenófoba por lá.
Sim, onda anti-imigração carregada de racismo!
E um negro brasileiro faz lá este serviço deprimente de ser o “oprimido que vira opressor”, como tão bem crava a profecia da história.
Lá, ou cá, aqui, ou alhures, é a isso que se alinha o bolsonarismo, que você pobre, mestiço defende com unhas e dentes como se fizesse parte desta casta de privilegiados.
CHEGA!
Marcos Thomaz
*Este espaço é opinativo. As ideias e conceitos neles contidos não representam o pensamento e linha editorial do site, mas refletem a opinião pessoal do autor