“A literatura me deu asas.”
A frase é do imortal Ariano Suassuna mas, com a devida licença, me aproprio.
Aliás, Ariano é uma destas fontes de mergulho no universo mágico dos livros.
Das maiores referências, na literatura e na vida!
Mais, muito mais do que inspiração, ícone da cultura nordestina, Ariano é patrimônio nacional.
E aqui nem estou falando apenas da sua obra, sua inestimável contribuição à cultura brasileira.
Afinal, quem escapou de conhecer, através das folhas, ou das telas, as aventuras de Chicó e João Grilo?
Escrita pelo ainda jovem Ariano Suassuna, lá em 1955, O Auto da Compadecida permanece como a peça mais adaptada e filme mais assistido aqui em solo brazilis.
Mas, nem a moderníssima ferramenta dos “memes” escapa ao fascínio do mestre.
Se você ainda não viu, ouviu o punk-funk psicodélico “Rutheford- Bohr, Rutheford-Bohr… O cavalo morto é um animal sem vida…” está perdendo tempo nesta vida.
O pensador, observador astuto dos vários brasis que, ao mesmo tempo não deixava se levar a sério demais.
É esta figura de diversão gaiata de Ariano, seu legado, história, família, amor e tudo o mais que apresenta em alto nível a exposição: “O Auto de Ariano, o realista esperançoso”.
A mostra está no Espaço Luzzco, o primeiro local imersivo de arte, cultura e inovação da Paraíba.
Um equipamento único e luxuoso a serviço da arte plástica, visual, lúdica.
Tive a oportunidade de conferir a apresentação da exposição durante o final de semana com uma visita guiada por João Suassuna, neto de Ariano e um dos diretores da exposição.
A mostra, além da tradicional biografia artística (cronologia dos principais momentos da carreira), acesso a itens pessoais de Ariano (como a cadeira de balanço) é um convite a vida íntima, familiar do paraibano, radicado em Pernambuco.
O ápice do passeio pela vida-obra é a imersão, literalmente, em uma peça audiovisual, que reúne colagens animadas, frases clássicas, registros de imagens raras em família, fases da vida narradas pelo próprio Ariano.
No foro íntimo, destaque para o imenso amor pela mulher, Zélia, a quem o próprio Ariano atribui a mudança de estilo da sua literatura: da tragédia para o humor, pois segundo o próprio ela trouxe “o galope do sonho e o riso a cavalo”.
Com Direção Geral de Jader França a peça não se esquiva a captar o humor apurado, ou sentimento abundante do mestre, com animações em traços refinados e cores em abundância.
Solar, iluminada como Ariano.
SERVIÇO
A exposição “O Auto de Ariano, o realista esperançoso” está em exibição diariamente, no Espaço Luzzco, das 14h às 19h e os ingressos podem ser adquiridos pela internet, ou na bilheteria do local pelos preços de 70 reais – inteira e 35 – a meia.
Marcos Thomaz
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