Por milímetros um homicídio não ocorreu.
Uma quase execução na verdade.
As marcas na testa do zagueiro argentino, Gonzalo Escobar, revelam a brutalidade da ação.
Quase uma dezena de atletas feridos. Isso mesmo, jogadores de um time de futebol atocaiados em um ônibus na saída do estádio.
Covardemente acuados.
Passados exatos vinte dias do atentado da torcida do Sport contra o ônibus do Fortaleza saiu a punição… desportiva, devo dizer.
Na esfera cível, ou penal, ninguém foi punido, nenhuma alma (sebosa mesmo, como se diz na própria Recife) foi indiciada, presa!
Pelo contrário, devem ainda estar a freqüentar estádios pernambucanos, livre e furiosamente.
Se há sensação de absolvição, com a inação, ou falta de resultado em prender, de fato, envolvidos nesta barbárie, a punição “em campo” ao Sport é típica do país da impunidade!
E eu já havia cantado esta pedra aqui ó:
Cultura da barbárie! A inércia diante da violência nos estádios
Oito jogos com portões fechados. A fórmula mágica para resolução dos problemas da violência nos estádios brasileiros.
Fecha tudo, proíbe tudo, tira faixa, tira bandeira, recolhe bebidas e pronto.
Fez-se a luz no futebol brasileiro.
Jogos às moscas, contrariando caráter básico da disputa esportiva, punindo todo e qualquer um menos, de fato, os envolvidos, algozes.
Aquela básica solução, o jeitinho brasileiro que não resolve nada. Com todas estas práticas aplicadas há décadas por todo o país as mortes se avolumam aos montes nas ruas, esquinas, perto, ou longe do estádio.
Isso é só mais um espetáculo da justiça, policias e demais envolvidos para “jogar para a galera”.
Um gol contra fingindo ser marca de artilheiro
Mas, voltando a única tentativa de punição anunciada…
Se querem aplicar sanção dentro deste método, critério, conceito, sejam efetivos.
Havia a opção de pena máxima de 10 dias de portões fechados, ou até o banimento do Sport desta edição da Copa do Nordeste, como sugerido pelo Procurador.
Negado, claro.
Isso porque estamos falando de um clube reincidente, como citado várias vezes pelos auditores do próprio Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
Mais que isso, uma ação não contra outra torcida, que infelizmente já se naturalizou no Brasil, mas contra uma delegação de atletas indefesos.
Aos que alegam que os clubes não devem ser punidos por ações da torcida, que isso cabe apenas a segurança pública etc, deixem desta condescendência.
Quem representa o sentido original da existência das competições, quem movimenta as multidões apaixonadas, quem disputa o campeonato, quem debate mudanças de regras e formato, quem é responsável pelas praças esportivas??
Enfim, quem é o elo principal de toda a essência do esporte futebol e arrebanha paixão, devoção e dedicação do torcedor?
É obrigação pensar e estabelecer políticas de conforto, segurança, proteção ao maior ativo de qualquer agremiação:seu torcedor.
Não apenas sentar em bloco, ou individualmente para tratar de cota e brigar por receita.
Punir os clubes é também modelo de exemplo, é pedagógico.
Mas, nesta selva boleira nacional, medida educativa é pouco, muito pouco.
Identificação, prisão, punição severa e banimento destes elementos do mundo do futebol já.
Foto: Reprodução/ Fortaleza EC