Caso Braiscompany: as lições de que “não existe almoço grátis”

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O golpe ta aí, cai quem quer”.

Eu era um dos que criam neste lema fajuto, estigmatizante, algumas vezes até atribuindo culpa a vítima.

-Ah, mas como não percebe o esquema?

Até cair na rede dos impostores.

“Toma distraído”.

Tem cilada de todo tipo para todos os gostos.

O crime está sempre de tocaia, esperando a oportunidade de atacar.

Aprendi a lição, “desça daí”, abandone esta soberba, nenhum de nós, ninguém está imune a rede golpista que nos rodeia.

Uma hora você pode ser a vítima e…

“sumiuuuuu…  !”- já dizia o Mano Brown.

O crime mudou a faceta de vez

“Não tenho provas, mas tenho convicção”, que hoje a maior quantidade de incidentes, ou no mínimo, o maior volume de dinheiro surrupiado ilegalmente seja em ações sem uso de qualquer violência!

E olha que as ruas brasileiras continuam tirando a nossa paz, mas o universo digital e suas facilidades a um toque, clique, mudou tudo… para nós e os espertos mais espertos que vêem ao mundo!

Some esta fome, voracidade e diversidade do mundo criminoso com a ganância desenfreada humana e pronto. Está feito o caldo, digo o suco Brasil.

Aqui é a terra onde “aquelas pessoas de bem” adoram enaltecer trabalho, esforço, mas não perdem oportunidade de tentar dinheiro fácil.

“Não existe almoço grátis”.

Mas todo mundo quer “filar a bóia, fazer a boquinha” em alguma mamata.

O que dizer da high society campinense sugada para a armadilha da Braiscompany?

Antonio, um total desconhecido, intruso nesta casta da Borborema que, do dia para a noite se transformou no gestor de uma fortuna bilionária, administrador e dilapidador de heranças, todas as economias de ricos e pobres da localidade e além.

Além mesmo… oito sedes, quatro estados.

Afinal estamos falando de assombrosos 20 mil clientes!

Até Popó, o boxeador, levou um nocaute do ardil do ás, digo Ais paraibano.

AIS, iniciais de Antonio Inácio da Silva Neto, que foram incorporados ao nome do impostor.

Deve ser coisa de numerologia, simples superstição, ou simples exotismo marqueteiro, mas deu certo…

O tamanho do rombo

Apenas com este perfil aliando discursos de coach motivacional (sinais, fortes sinais) e promessas de rendimento de até 10% o cidadão movimentou quase 1,5 bilhão de reais e, segundo investigação da Polícia Federal embolsou diretamente quase 200 milhões.

Vivia uma vida nababesca, de ostentação par invejar astro funk.

“A casa caiu” pra ele e sua esposa no fim da semana passada na Argentina, onde o casal foi preso e tem a extradição aguardada ansiosamente por seus credores.

Reza a lenda, e isto não é manchete do Olé, que a “esposa do crime”, Fabrícia Farias teria sido libertada para responder ao processo de extradição em liberdade.

Já o Antonio…

Bem, não liberaram o Toin, nem as vítimas verão os 10 contos!

São foragidos da justiça brasileira, onde juntos tem uma pena de mais de 150 anos a cumprir.

Mas, isto é apenas uma etapa de uma batalha inglória e desesperadora.

E o dinheiro? Como reaver?

“Com tanta riqueza por aí, onde é que está, cadê minha fração?”

Vi juristas, especialistas apresentando dezenas de possibilidades de restituição do prejuízo.

Ativos em criptomoedas, dinheiro virtual, bloqueio de bens, reparação do sistema financeiro nacional e piriri pororó…

Ok, ok, estes são fundamentos e caminhos legais, mas, convenhamos, para a vítima comum, crer no resgate deste montante é quase alimentar a mesma crença inicial que motivou o golpe.

Fé cega!

O que fica do exemplo é só mais uma “amostra grátis” da negligência oficial brasileira contra práticas criminosas escancaradas, a céu aberto e luz do dia!

Por que este claro sistema de pirâmide funcionava permissivamente aos olhos da lei?

-Aqui é Brasil, irmão, onde não pode jogo do bicho, mas funciona há um século – polemiza meu alter ego.

É, Terra Brazilis, onde o crime compensa

Marcos Thomaz

*Este espaço é opinativo. As ideias e conceitos neles contidos não representam o pensamento e linha editorial do site, mas refletem a opinião pessoal do autor

 

 

 

 

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