Como explicar toda a magia e força sensorial de Bob Marley

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Que me perdoem os puristas da sétima arte, mas cinema é do que menos quero falar sobre o filme “Bob Marley-One Love”.

Em qualquer cinebiografia de música, ou sobre música, a força e primorosa seleção musical, o “time” certeiro do encaixe das canções, já ofusca eventuais pobrezas narrativas…

O que dizer desta força sensorial dos sons quando estamos falando do Rei do Reggae?

Bob Marley, aquele que transformou um estilo de terceiro mundo (eurocêntrico assim mesmo) em um dos maiores símbolos pop universais.

“Pois o reggae quando bate você nunca sente dor”

Nunca antes, nem depois, na história, um ritmo fora do centro econômico e cultural do mundo se espraiou desta forma.

-E Anitta? – grita o gaiato.

 

Ô Jah!!!

Qual lugar do mundo não há uma tribo regueira? Branquelos de dread até na gélida Islândia, ou Groenlândia!?! Uns rastafaris espalhados pelo sisudo e bélico leste europeu!

Quem aqui já viu a torcida do Ajax, maior clube holandês, um dos maiores do mundo e seu mosaico em 4D homenageando o jamaicano?

Bem além mar, na minha remota Buerarema, na distante infância, já era Bob que estampava minhas paredes e emulava a cadência do reggae a me sacudir os esqueletos.

“Tem dois neguinhos. Um morava na Jamaica, outro mora no Brasil”

Então, cinéfilos, fora as fragilidades técnicas, especialmente de roteiro, pouco denso sobre questões cruciais da vida e mensagem de Bob Marley, o que me embalou foi a musicalidade envolta na película (recebam um película aí seus cults).

Se faltou aprofundamento conceitual sobre a militância de Bob, se percorreu muito, timidamente as contradições e conflitos internos do mesmo (embora o tenha feito), o filme cumpriu o mister quanto a riqueza sonora da obra do reggaeman.

 

Nisso “satisfy my soul”.

As referências a momentos mágicos em ensaios, insights, são sublimes, traduzem bem os momentos de elevações musicais dele e do seu grupo fenomenal The Waillers.

Como na reprodução de momentos do exílio, onde compõem, ensaiam, gravam e lançam a obra-prima “Exodus”.

Ao primeiro olhar me inquietava a escolha de Kingsley Ben-Adir para interpretar Bob Marley.

Uma figura muito hollywodiana, quase asséptico, socialmente, para interpretar um rastafári.

Mas, acho que o jovem cumpriu bem o mister quanto a interpretação, mesmo ficando latente a dublagem em momentos que evocava o cantor Bob em seus transes no palco.

Por outro lado, Lashana Lynch, beirou a perfeição no papel de Rita Marley, a esposa e integrante do backing vocal celestial que acompanhava Bob Marley. Transcendental no papel de esteio emocional e espiritual do companheiro.

Espiritualidade, aliás foi outro vetor central do filme. 

A formação rasta de Bob, via Rita, vale frisar, é o divisor de águas de toda visão social e política, mesmo que apolítica no sentido de tomar partido.

Talvez se esperasse uma cronologia linear, temporalizada em fatos terrenos mais destrinchados.

Mas, como explicar toda a aura e magia em torno do reggaeman baseado em fatos terrenos?? 

Assim como sua obra imortal, Bob Marley, em apenas 36 anos de vida pisando aqui na Terra, sempre foi de outro, outros planos!

Marcos Thomaz

*Este espaço é opinativo. As ideias e conceitos neles contidos não representam o pensamento e linha editorial do site, mas refletem a opinião pessoal do autor

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