No cenário alarmante das violações online, as denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil atingiram um patamar recorde em 2023. Além disso, as denúncias de xenofobia aumentaram impressionantes 252,25% em relação a 2022.
É o que revela um relatório divulgado nesta terça-feira (6) pela organização não governamental Safernet.
Exploração infantil na internet
O ano passado registrou 71.867 queixas, marcando um aumento de 28% em relação ao recorde anterior. Em 2008 foram 56.115 denúncias. Esse número representa um crescimento notável de 77,1% em comparação com 2022.
A Safernet identificou três fatores principais que contribuíram para esse aumento alarmante de denúncias. O primeiro deles foram as demissões em massa realizadas pelas grandes empresas de tecnologia. Isso impactou as equipes de segurança, integridade e moderação de conteúdo de algumas plataformas. Além disso, a crescente proliferação da venda de imagens de nudez e sexo autogeradas por adolescentes. E por fim, o uso cada vez mais frequente de inteligência artificial na criação desse tipo de conteúdo.
Além das denúncias de abuso e exploração sexual infantil, a Safernet também observou um aumento significativo em outras violações de direitos humanos e crimes de ódio na internet. Em 2023, a organização recebeu um total de 101.313 queixas, superando o recorde anterior de 89.247 denúncias, estabelecido em 2008.
Denúncias de xenofobia
Dentre os crimes de ódio mais destacados na internet, as denúncias de xenofobia aumentaram impressionantes 252,25% em relação a 2022, enquanto a intolerância religiosa registrou um aumento de 29,97%. Segundo a Safernet, esse crescimento está diretamente ligado ao contexto da guerra na Faixa de Gaza, na Palestina, no Oriente Médio.
Queda de denúncias de LGBTfobia e racismo
Por outro lado, houve uma queda significativa no número de denúncias de três crimes de ódio entre 2023 e 2022: racismo (-20,36%), LGBTfobia (-60,57%) e misoginia (-57,56%). A Safernet atribui essa queda ao padrão observado em anos eleitorais, quando as denúncias desses tipos de crimes tendem a aumentar, um comportamento previamente registrado nos anos de 2018, 2020 e 2022.
Diante desses dados alarmantes, fica evidente a urgência de ações efetivas para combater a disseminação de conteúdos nocivos na internet e proteger os direitos fundamentais, especialmente das crianças e adolescentes, que são os mais vulneráveis a essas formas de violência online.