Você pode até tentar alegar que eu não tenho lugar de fala para abordar o Cristianismo, analisar a fé alheia.
E isso até seria verdade na perspectiva de que não sou devoto de nada!
Mas, se tem uma coisa que qualquer cidadão brasileiro tem propriedade a tratar é sobre a fé Cristã e seus tentáculos.
Afinal, este Estado Laico de fachada brasileiro não engana ninguém
Seja de onde for, venha de onde vier, aqui em solo tupiniquim, você vive o Cristianismo de uma forma, ou de outra.
Do calendário aos símbolos sacralizados.
Das gírias e ditados populares aos costumes.
Eu mesmo fui batizado e fiz primeira comunhão sem ter, necessariamente, escolhido isso.
Para o menino não ficar pagão.
É esta mesma pátria de valores tão controversos que caminha a passos largos para uma radicalização institucionalizada da teocracia cristã.
Estima-se que, talvez já na próxima década os evangélicos sejam maioria entre os religiosos nacionais.
Nada demais isso se estivesse restrito aos templos e fés individuais e coletivas a cada grupo.
“Admiro os crentes”, já dizia Mano Brown.
O problema é o tipo de evangelismo que se estabelece no Brasil.
Este Neopentecostalismo que tantas vezes já abordei aqui nestas paragens e é um verdadeiro EVANGEQUISTÃO.
Os antes vorazes devoradores de dízimos alheios não se saciam mais com estas “migalhas”.
Querem e ocupam poderes políticos, administrativos e de toda esfera.
Bancada Evangélica, a mais poderosa do Congresso Brasileiro hoje, afinal quem quer se indispor com milhões de fiéis seguidores de pastores inescrupulosos, negacionistas e indutores da falsa informação.
Alguém falou de Malafaias, Macedos, Valdemiros aí??
É deste poder paralelo neopentecostal que emerge pressões, por exemplo, para excluir as igrejas e seus líderes ilibados do projeto de Lei “Não é Não”, sancionado pelo presidente Lula.
A institucionalização em crime da campanha há anos deflagrada contra assédio e importunação as mulheres, considera pastores, padres homens santos, acima do bem e do mal.
O texto prevê códigos de sinalização e proteção a mulheres vulneráveis, ou ameaçadas.
Entretanto, exclui, categoricamente cultos e outros lugares de natureza religiosa da obrigação.
Ora, ora, nunca jamais um profeta, escolhido divino que comanda rebanhos do alto do seu púlpito precisaria se sujeitar a isso, menos ainda cometeria alguma falta de decoro contra uma mulher.
É, meus caros, o descrente aqui tem real dificuldade de entender este Cristianismo que persegue, impõe, não tolera o outro, diferente.
Pior, que trata ações pautadas eminentemente no ensinamento de Jesus como algo demoníaco.
São estes mesmos que querem crucificar o Padre Júlio Lancelote, aquele cristão que teima em fazer o bem ao outro.
Quem já viu alimentar desvalido, agasalhar quem tem frio?
Uma ofensa ao Cristianismo
Uma heresia tão grave que vai justificar a instalação de Comissão Parlamentar Inquérito na Igreja de Vereadores paulistas, digo Câmara Municipal de São Paulo.
Os cristãos perseguindo os seus e adivinha a quem vai restar fazer a defesa deste homem de bem e de fé?
Aos ateus, umbandistas, espíritas talvez…
É este Cristianismo que se alastra pelo Brasil!